“Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Diante de Jesus, havia um hidrópico. Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: ‘A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?’ Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o.” (Lucas 14,1-4)
Meus irmãos e minhas irmãs, o Evangelho apresenta esse homem hidrópico; ele sofria do que chamamos de “acúmulo de líquido” nas cavidades ou nos tecidos do corpo. Era um homem hidrópico, mas vamos deixar de lado a questão da enfermidade e vamos para além.
Poderíamos dizer que essa hidropisia é a figura do inchaço dos fariseus que se sentiam sempre detentores da verdade e capazes de julgar a todos, tanto que quando esse homem estava naquele lugar e Jesus nota a presença dele, imediatamente, os fariseus observam Jesus. A Palavra de Deus deixa bem claro isso!
Quantas vezes, não só os fariseus, mas também nós, sofremos desse inchaço; inchamos a nossa vida com o orgulho, com a nossa altivez, com a nossa arrogância, a nossa mania de grandeza, a indiferença e os nossos pré-julgamentos. Vamos inchando a nossa vida com todas essas coisas que não servem para nada, a não ser para atrapalhar a nossa caminhada espiritual.
Sejamos cheios da graça de Deus e transbordemos essa graça na vida dos nossos irmãos
Uma pessoa cheia de si não dá espaço para ninguém entrar na sua vida; ninguém passa pelo seu crivo. E, depois, é a pessoa que não passará pelo crivo da porta da salvação. Ouvimos isto esses dias: “Temos que entrar pela porta estreita”; e, muitas vezes, estamos tão inchados e cheios de nós, tão cheios de orgulho que não vamos nos dar conta dessa necessidade.
É uma espécie de pelagianismo moderno o que nós vemos por aí e, muitas vezes, dentro de nós, confiamos muito mais nos seus próprios méritos do que na graça de Deus. É claro que precisamos nos esforçar, mas tem uma graça que nos antecede, tem uma graça que nos supera e que vai além de cada um de nós.
Muitas pessoas pensam que são as suas obras a torná-las mais santas e puras, inchadas de si, hidrópicas. Coitados de nós sem Deus! Coitados de nós sem a graça de Deus! Vamos nos enchendo de nós mesmos e esvaziando-nos da graça de Deus.
Quantos cristãos estão inchados por aí, pessoas que se tornam estranhas, individualistas no seu jeito de se relacionar com Deus, cheias de manias, de espiritualidades, desencarnadas, autorreferenciais. Isso desfigura a postura do cristão.
A vida espiritual inchada pode sufocar a relação com o Cristo. Já dizia uma bela canção: “Faça poucas coisas, mas as faça bem”. Por isso, peçamos ao Senhor, neste dia de hoje, que nos esvazie de nós mesmos, que sejamos esvaziados das nossas prepotências e arrogâncias; e nos inchamos de Deus, sejamos cheios da graça de Deus e transbordemos essa graça de Deus na vida dos nossos irmãos.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!