Não podemos deixar que a religião e os preceitos religiosos endureçam nosso coração, torne-nos cegos e fechados ao sofrimento do outro
“E Jesus perguntou: É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer? Mas eles nada disseram” (Marcos 3,4).
Aquele homem de mão seca foi colocado no meio da sinagoga por Jesus e as pessoas estavam preocupadas, observando se o Senhor seria capaz de curá-lo no dia de sábado.
Veja, a escravidão da Lei era uma coisa muito séria, muito grave, pois ela havia endurecido o coração daqueles homens, e estavam tão preocupados em guardar e observá-la, que não eram mais capazes de compreender o coração humano, de se compadecerem do sofrimento e da necessidade do outro.
Eles [os fariseus] estavam não só com as mãos, mas com o coração e a cabeça enfaixados. Eram duros demais, e para Jesus ficar irado, porque é assim que nos diz a Palavra, é porque a dureza do coração deles era grande demais. Ninguém se importou com o coração daquele homem, estavam todos preocupados com as Leis, com os preceitos divinos.
Meus irmãos, estamos, muitas vezes, preocupados com as toalhas do altar, com as velas, com tantos preceitos e regras, com incensos, e querendo que tudo seja bem feito, mas com o ser humano a preocupação é mínima. “Que o Governo cuide! Que tal pessoa cuide!”. Quem tem de cuidar do sofrimento e da dor do outro somos nós! Não podemos deixar que a religião e os preceitos religiosos endureçam nosso coração, torne-nos cegos e com o coração fechado ao sofrimento do outro.
Existem muitas pessoas com a mão e o coração seco, muitas sofridas, caídas e machucadas ao nosso lado; estamos, muitas vezes, preocupados com a Igreja, se ela é tradicional, conservadora, se reza em latim ou grego e nos esquecemos do essencial: a religião está a serviço do ser humano, a serviço de salvar e libertar os corações!
O Ano da Misericórdia não é somente para buscarmos os confessionários e nos arrependermos do pecado. O Ano da Misericórdia precisa fazer de nós homens e mulheres misericordiosos, precisa fazer da Igreja um coração misericordioso como é o de Jesus.
Nós não podemos viver a religião dos preceitos, e sim a religião da vida e da misericórdia! O lugar do coração humano, de a pessoa humana ser cuidada é dentro da Igreja, é no coração da Igreja.
A Igreja precisa sair e, como o Papa Francisco diz, uma Igreja “em saída” para cuidar do outro, para se desgastar pelos outros, porque têm muitas pessoas sofridas, machucadas, precisando mais de cuidados do que conhecedores de preceitos canônicos e leis divinas.
Deus abençoe você!