A violência contra nossas vontades nos torna humildes, porque, afinal de contas, a nossa alma tem desejo de grandeza, de superioridade e de reconhecimento.
“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e são os violentos que o conquistam” (Mateus 11, 12).
Jesus hoje exalta um tipo diferente de violência (e talvez seja a única violência que é válida e correta), porque a violência que o mundo faz e exalta de uns sobre os outros é totalmente condenável e deplorável. Mas existe uma violência que é necessária, a violência que João Batista fez sobre si mesmo: “É necessário que ele cresça e eu diminua” (João 3, 30). A violência de nos tornarmos pequenos, porque, afinal de contas, a nossa alma tem desejo de grandeza, de superioridade, de reconhecimento, de nos tornarmos, muitas vezes, melhores do que os outros, sermos mais do que os outros.
Se nós não tivermos violência para com o nosso orgulho, para com a nossa soberba e para com a nossa ganância e para com a nossa sensualidade, o mal só haverá de crescer dentro de nós!
É preciso violência para nos tornarmos menores, pequenos, para nos tornarmos humildes, para contermos aqueles ímpetos do coração que nos levam, muitas vezes, a sermos pessoas grosseiras, mal-educadas e darmos má resposta aos outros. É preciso conter aquela vontade que vem dentro de nós de dizer o que não precisa ser dito. Essa bendita violência se chama “mortificação”, tão praticada pelos santos, tão vivenciada por aqueles que querem crescer na sabedoria e na submissão à vontade de Deus.
Esse tipo de violência é o remédio necessário para combater esse orgulho exacerbado que há dentro de nós! A violência nos ajuda a ceder quando não queremos ceder, a violência que nos ajuda a dar razão até quando, muitas vezes, achamos que temos a razão. A violência de querer ajudar a quem não quereríamos ajudar, de saber amar a quem é difícil amar.
O Reino dos Céus é conquistado não por quem faz violência com os outros, mas por aquele que sabe fazer a sábia violência contra a sua vontade! Vontade, muitas vezes, rebelde; vontade que, muitas vezes, não se submete à vontade de Deus; vontade que, frequentemente, não sabe obedecer aos próprios pais; aquela vontade que o leva muitas vezes a se rebelar no seu casamento e no seu trabalho. A vontade que precisa de uma ajuda divina para nos submetermos àquilo que precisamos ser submissos.
Ser violento não significa ser bobo, ingênuo nem perder o sabor de viver. “Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (João 12, 24). Se queremos morrer para este mundo para viver para Deus, precisamos a cada dia saber podar a nossa vontade para que a vontade de Deus cresça em nós!
Deus abençoe você!