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“Jesus continuou: ‘Vós sois daqui debaixo, Eu sou do Alto. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que Eu sou, e que nada faço por Mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou.” (João 8, 23-24;28)

Meus irmãos e minhas irmãs, as últimas palavras de Jesus vão se tornando cada vez mais enigmáticas. Quando os nós nos afastamos do Senhor, parece que tudo se torna incompreensível. E é assim na nossa vida também: quanto mais nos aproximamos de Jesus, mais clara e evidente vai ficando a Sua vontade, tudo o que Ele nos diz encontra acolhida no nosso coração. Do contrário, quanto mais nós nos afastamos do Senhor,  mais as coisas vão ficando confusas. Por isso, a proximidade de Jesus com a conclusão da Sua existência terrena faz com que os seus discursos apontem para uma realidade não muito compreensível.

E acontece assim também quando uma pessoa vai se aproximando dos seus últimos dias, pois nós percebemos que as suas falas são muito mais consistentes, a pessoa acaba dizendo coisas que não teve oportunidade de dizer ao longo da sua vida. 

Jesus também começa a apontar as coisas do Alto para os seus interlocutores. Ele diz: “Vós sois daqui debaixo”. Ele percebe que os corações estão ainda soterrados, presos às coisas deste mundo. E esse movimento de desprender-se desta vida vai acontecendo —  quanto mais nós vamos amadurecendo na nossa caminhada de fé, mais nós vamos nos desprendendo das coisas da terra.

Quando alguém reconhece a sua origem, ele vai viver a sua vida conforme essa realidade e busca as coisas do Alto

Porém, Jesus percebeu que os seus discípulos e aqueles que estavam perto deles estavam ainda presos às coisas deste mundo, à mentalidade deste mundo, ao estilo de vida deste mundo, aos valores, às suas leis, às suas ideologias… Existem ainda muitos corações que se deixam atrair pelas realidades desta terra. As coisas do mundo atraem ainda muitos corações. 

Então, Jesus tem de fazer a oposição: “Vocês são daqui debaixo, Eu sou do Alto”, a paternidade de Jesus é a do Pai; Jesus sabe que a Sua origem é o Pai, o princípio de Jesus está no Pai. E Ele [Jesus] não se desvia, não se corrompe, não deixa o Seu olhar se desviar do olhar amoroso do Pai.

São dois modos de viver e dependem de qual origem se escolhe pertencer: ou a do Pai ou a deste mundo. Nós também podemos escolher: ou vivemos debaixo da paternidade de Deus, reconhecendo a nossa origem —  e quando alguém reconhece a sua origem, ele vai conformar a sua vida e vai buscar decidir a sua vida conforme essa realidade, vai buscar as coisas do Alto —, mas, se escolhemos a paternidade deste mundo, vamos buscar as coisas aqui da terra. E o nosso coração não é chamado a viver assim, por isso, precisamos contemplar o crucifixo.

Nós estamos nos aproximando da Paixão e Morte de Jesus; nós precisamos contemplar o Crucificado — o Filho de Deus levantado —, porque, ali, nós conheceremos, de fato, o que é amar e o que é ser amado. Nós precisamos olhar para Jesus crucificado; que Ele se levante diante dos nossos olhos, para atrair o nosso coração para as coisas do Alto. 

Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!