“Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. Então os fariseus disseram a Jesus: ‘Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?’ Jesus lhes disse: ‘O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado’”. (Marcos 2,23-24.27-28)
Meus irmãos e minhas irmãs, mais um embate de Jesus com os fariseus que — repito — colocam a atenção de suas vidas nos outros e não em suas próprias vidas.
Segundo ensina a nossa moral cristã, um ato bom, um ato para ser bom supõe a bondade do objeto, a finalidade e as circunstâncias. São três realidades que estão em torno de um ato bom. Uma finalidade que seja má, corrompe toda uma ação, embora ela pareça muito bonita exteriormente. Um exemplo: vou rezar, vou jejuar, vou obedecer aos preceitos, não para ser um bom cristão, mas só para ser visto pelos outros. Já corrompeu a ação!
Exteriormente, ela é muito bonita: rezar, jejuar, obedecer aos mandamentos… mas a finalidade dela não é boa. Talvez aqueles fariseus estivessem um pouco míopes no modo de julgar os comportamentos dos seguidores de Jesus.
Jesus, aqui — é importante frisar isso —, não aprova o ato ilícito dos Seus discípulos, Jesus não está corroborando o roubo, Ele não está afirmando esse ato ilícito, mas Jesus está combatendo uma mentalidade que se fixava na exterioridade dos atos. Por isso Ele cita o episódio do rei Davi, um rei que cometeu um ato ilícito para dar de comer aos seus companheiros, porque aquele pão era permitido só aos sacerdotes, mas o rei Davi precisava matar a fome dos seus companheiros.
O mal deve ser evitado a todo custo, mas o bem deve ser praticado para que o mal nunca prevaleça
Repito: Jesus não queria justificar um erro, mas Ele queria mostrar uma lógica nova: a da interioridade, do valor intrínseco das coisas.
De que adianta você saber o que é errado, se você não pratica aquilo que é certo. Não adianta só conhecer o que é errado, precisamos praticar o bem. Existe aquela máxima: faz o bem e evita o mal. O mal sempre será mal, sempre deverá ser evitado a todo custo, mas o bem deve ser praticado para que o mal nunca prevaleça.
Aqueles fariseus esqueceram de praticar o bem; praticavam obras de piedade, mais exteriores, mas a interioridade estava vazia.
Não adianta — por exemplo, temos a discussão — só evitar o aborto, mas é preciso também promover a vida nas suas outras fases; há muitos idosos sendo esquecidos nos asilos, muitos adolescentes sendo explorados, muitos filhos órfãos, filhos órfãos de pais vivos… Então a vida precisa ser defendida em todas as suas fases, em todas as suas circunstâncias. Não é só levantar a voz contra o aborto – é óbvio, esse é um pecado horrendo que grita aos céus –, mas também precisamos olhar todas as outras realidades.
Foi isso que Jesus quis romper, uma mentalidade que colocava o seu foco na exterioridade e se esquecia da interioridade. Que o Senhor nos conceda a graça da conversão dos nossos atos e do nosso coração!
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!