02 Jan 2012

João Batista nos ensina a dar lugar a Jesus Cristo em nossa vida

A voz que brada no deserto se descreve e nos aponta para Aquele que batiza no fogo do Espírito Santo. No dia em que celebramos o grande testemunho de São João Batista, a Igreja nos presenteia com a memória dos santos Basílio Magno e Gregório Nazianzeno.

São Basílio e São Gregório Nazianzeno, unidos na vida, na fé, na cultura e na santidade, são celebrados pela Igreja na mesma data para, assim, permanecerem juntos também na posteridade.

Ambos nasceram na Capadócia, por volta do ano 330 e na mesma região exerceram suas funções literárias e pastorais. Na família de Basílio foram santificados a avó Macrina, a mãe, Emélia, e também os irmãos Gregório de Nissa, bispo e filósofo; Pedro, bispo de Sebaste e a virgem Macrina.

São Basílio se consagrou ao serviço como Arcebispo de Cesárea, doutor da Igreja e patriarca dos Monges do Oriente. Foi considerado modelo de pastor, exemplar em todas as virtudes e “um baluarte da fé contra os ataques dos heréticos arianos”.

Empenhou a vida em amenizar os problemas sociais de seu tempo, chegando a fundar uma verdadeira “cidade filantrópica”, onde os pobres dispunham de hospital, orfanato, escola, abrigo, entre outros.

Ficou célebre por combater a avareza dos ricos, dos quais não se cansou de cobrar solidariedade com os menos favorecidos. Morreu aos 49 anos, em 379.

São Gregório Nazianzeno, em nome da ortodoxia, tirou Basílio de seu retiro para que o ajudasse na defesa da fé do clero e da Igreja. Desde a mais tenra idade, demonstrou temperamento místico e vocação para o monastério. Quando adulto, tornou-se famosíssimo orador e teólogo, sendo por isso muito perseguido pelos arianos.

Mesmo sob pressão dos inimigos, aceitou ser declarado Patriarca de Constantinopla e, nesta posição, presidiu o primeiro Concílio ali sediado, em 381, que definiu a divindade do Espírito Santo.

Mas as perseguições arianas foram tantas que ele se viu obrigado a abdicar do cargo, voltando para sua solidão de monge e para o trabalho literário. De sua autoria conservam-se 53 sermões, 242 cartas e incontáveis poesias de teor religioso. Faleceu em 389.

Fazendo referência ao Evangelho de hoje, ele dizia no princípio que João Batista se deu a conhecer aos sacerdotes e levitas que procuravam saber quem ele era.

João Batista, em continuição ao seu anúncio de conversão devido à vinda iminente de Jesus, o Deus que veio edificar a Sua tenda entre as populações excluídas da periferia, trouxe preocupações às elites, as quais se sentiram ameaçadas. Não sabendo quem era João, enviam mensageiros para lhe perguntar: “Quem és tu? És o Messias?” É que as multidões acorriam a ele, o que suscitou desconfiança e temor entre esses grupos sociais [elites]. Então, humildemente, João se dá a conhecer: “Eu batizo com água, mas, no meio de vocês, está alguém que vocês não conhecem. Ele vem depois de mim, mas eu não mereço a honra de desamarrar as correias das sandálias d’Ele”. Com humildade e simplicidade, esse grande santo da Igreja nos ensina a dar lugar a quem tem direito e vez!

O movimento de João Batista tomou grande impulso e assim permaneceu mesmo após a morte de seu fundador, seguindo em paralelo às primeiras comunidades cristãs. Assim sendo, percebe-se nos evangelistas uma grande insistência em acentuar a figura de João como subalterna à de Jesus, a fim de convencer os discípulos dele [João] a se inserirem nas nossas comunidades cristãs hoje.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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