Estejamos atentos aos nossos relacionamentos, pois o remédio para curá-los não é o orgulho, não é a vingança, não é o “olho por olho”, mas sim o perdão e a misericórdia.
“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6, 36).
A Palavra de Deus vem hoje ao nosso encontro para nos mostrar qual é a medida, qual é o termômetro que Deus vai usar para medir e para julgar a cada um de nós. É a mesma medida que nós usamos para medirmos uns aos outros. É o modo como nós tratamos os outros quando falham, pecam, erram e não correspondem àquilo que queremos ou esperamos deles.
Primeiramente, ao olharmos para o coração do Pai, para a face do Pai, nós ficamos estremecidos e, como diz a primeira leitura da Santa Missa de hoje, ficamos corados de vergonha e a nossa face cai por terra, porque Deus é tão bom, é tão misericordioso e tem tanta compaixão das nossas faltas que isso nos causa estremecimento no coração.
Nós, muitas vezes, até abusamos dessa bondade de Deus, nós até dizemos: “Deus tudo perdoa”. Sim, Deus não nega a si mesmo, de fato, Ele tudo perdoa, basta que haja arrependimento, sinceridade, propósito e, no bom sentido da palavra, “vergonha na cara” de nossa parte. O Senhor nos ajuda a nos levantarmos de qualquer queda, de qualquer dureza e de qualquer erro que nós tenhamos cometido nesta vida.
O perdão de Deus não é uma coisa automática, Ele está sempre disposto a nos perdoar, contudo, é preciso que, de nossa parte, haja sincero e profundo arrependimento.
Se nos prostrarmos diante do Senhor, como fez hoje o profeta [da liturgia de hoje], reconhecendo que merecemos, na verdade, o castigo, e se realmente estivermos com o coração contrito, Deus apresentar-nos-á o Seu perdão e a Sua face misericordiosa.
O perdão de Deus não tem preço, Ele não cobra nada para nos perdoar. O Senhor pede apenas que façamos uma coisa: irmos ao encontro do nosso próximo, ao encontro de quem nos ofendeu, nos magoou e “pisou na bola” conosco e o tratemos da mesma forma como Ele nos trata e nos mede.
Precisamos parar de ter dupla identidade! Queremos tanto o perdão de Deus, mas, infelizmente, somos muito duros e difíceis para perdoarmos ao próximo. Nós queremos que Deus seja tão bom para conosco enquanto nós somos tão exigentes uns com os outros.
Deus é tão misericordioso para conosco, ao passo que nós sonegamos misericórdia e perdão ao outro, nós queremos jogar na cara dele e fazê-lo sofrer para que ele mereça um pouco da nossa autossuficiência e do nosso orgulho.
No entanto, o remédio para curar as nossas relações não é o orgulho, não é a vingança, não é o “olho por olho”, mas sim o perdão e a misericórdia. Deus nos trata com tanta misericórdia, que eu e você façamos o mesmo indo ao encontro do nosso próximo com a face misericordiosa de Deus impressa em nosso rosto e em nossa alma.
Deus abençoe você!