“Naquele tempo, os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração.” (Lucas 2,16-19)
Primeiramente, feliz ano novo a todos vocês que acompanham a nossa homilia, aqui, no canal! Minha saudação a todos, sejam do Brasil, sejam aqueles também de Portugal ou de outros países. Deus abençoe este novo ano que se inicia!
Bem, o primeiro dia do ano civil começa com o mais alto grau das celebrações: a Solenidade; reservada aos mistérios mais importantes da nossa fé. E inicia justamente com a Virgem Maria que, depois da Santíssima Trindade, é o mais alto grau de culto que nós prestamos, a chamada hiperdulia.
Na nossa Igreja, temos três graus de culto: a dulia, que é o culto que elevamos aos santos; a hiperdulia, que é o culto a Virgem Maria; e a latria, que é o culto a Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Vale lembrar que não adoramos a Maria, mas também jamais a colocaremos no mesmo lugar de todos os cristãos. Maria jamais será uma qualquer; Ela é a Mãe de Deus. Ela é a Mãe de Deus porque Jesus é Deus, essa é a nossa fé.
A maternidade se expressa no socorro de Maria como Mãe, no Seu auxílio nas nossas tribulações
A divindade de Jesus não foi uma roupa que Ele usou por algum tempo, por cima da sua humanidade. A sua divindade se uniu definitivamente à Sua humanidade, naquilo que chamamos, na Teologia, de ‘união hipostática’, a união das naturezas. A natureza divina e a natureza humana de Jesus na única pessoa do Verbo de Deus. Por isso, Maria é chamada de Theotókos (grego), ou seja, a Mãe de Deus.
Essa é uma definição que já marca o ano 431. O Concílio de Éfeso definiu justamente Maria, a Mãe de Deus. Maria não é a mãe de Jesus histórico — que viveu num determinado tempo —, mas Maria é mãe do Verbo de Deus encarnado no tempo e na história.
O texto que lemos hoje, do Evangelho, nos diz que os pastores encontraram Maria e José e o recém-nascido. Os pastores, aqui, são a imagem da Igreja que contempla os mistérios de Deus e podem contemplar os três sins que são dados a Deus: o ‘sim’ de Jesus, o ‘sim’ de José e o ‘sim’ de Maria.
Um ‘sim’ dado diante do anjo (a Virgem Maria); o outro dado também ao anjo em sonho (José); e, por fim, o ‘sim’ de Jesus dado diante do Pai: “Eis que venho, ó Pai, para fazer a Tua vontade”. (cf. Hebreus 10,7)
Por isso, celebrar essa Solenidade Mariana nos recorda a maternidade de Maria, em relação a todos nós. E essa maternidade se expressa no socorro de Maria como Mãe, no Seu auxílio nas nossas tribulações, advogada nas causas da nossa vida, a mediadora de todos os bens espirituais que Deus nos dá. Essa é a nossa Mãe!
Celebremos, com louvores, Deus que nos deu tão grande dom manifestado na Virgem Maria, a Mãe de Deus!
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!