“Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, que negam a ressurreição, e lhe perguntaram: ‘Mestre, Moisés deixou-nos escrito: se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a viúva, a fim de garantir a descendência para o seu irmão. Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos. Também o segundo e o terceiro se casaram com a viúva. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. Por fim, morreu também a mulher. Na ressurreição, ela será esposa de quem? Todos os sete estiveram casados com ela’.” (Lucas 20,27-33)
Meus irmãos e minhas irmãs, vamos entender, em primeiro lugar, qual é o grupo que se aproxima de Jesus: o grupo dos saduceus. Essa classe de ricos era de pessoas ricas, possuidoras de terra e materialistas, que não creem na ressurreição, nos anjos nem nos espíritos. São raça de gente que crê somente na imanência, ou seja, no agora, numa vida nesse nível material. Por isso, dizem que aquela mulher vai ser posse de quem. O termo que é usado aqui é justamente esse “Ela vai ser posse de quem?”, quem é que vai ser dono dela?
Na verdade, estão acostumados justamente com terras e propriedade e acabam transformando também as pessoas em objeto.
Na tradução original, aqui, não é a palavra “esposa” como nós entendemos no cristianismo. No rito do matrimônio, as pessoas dizem: “Eu te recebo…” e não “Eu te possuo como minha esposa”. Para eles — na mentalidade do tempo de Jesus —, a mulher era um objeto, ela era entendida a nível funcional e não relacional. E isso, graças a Deus, o cristianismo pôde purificar muito bem, por isso, que o homem diz: “Eu te recebo como minha esposa”, e não “Eu te possuo como minha esposa”.
A vida eterna é uma realidade totalmente diferente do nosso raciocínio humano
A vida eterna não é marcada pela posse dos bens ou das pessoas, mas é marcada pelos dons de Deus. A vida eterna é gratuidade, é dom, e isso vale para qualquer relacionamento — não só entre marido e mulher. Não possuímos ninguém!
Você sabe muito bem que quem possui as pessoas é o demônio, é ele que se apropria das capacidades mentais, físicas e espirituais das pessoas. Não possuímos ninguém, temos a relação com os outros como um dom e não como dono. Ninguém é dono de ninguém, mas somos dons uns na vida dos outros. Uma esposa é uma companheira e não uma serviçal do marido.
A vida eterna é uma realidade totalmente diferente do nosso raciocínio humano, por isso, ao perguntar para Jesus, eles têm que quebrar esse raciocínio, essa lógica.
Muitas vezes, estamos preocupados se vamos encontrar no céu aquele ente querido que morreu, justamente porque aquela pessoa faz falta afetivamente para nós, mas, uma vez estando plenamente em Deus, não há necessidade mais dos afetos. Ninguém vai ser de ninguém, seremos todos um só em Deus, em Nosso Senhor.
Por isso, um dia, todos nós estaremos na fonte do amor e essas realidades humanas aqui, que nós experimentamos, que tivemos nesta vida, serão muito mais plenas na vida eterna. Então, não existirá mais marido, mulher, filhos, pai e mãe, mas seremos um só em Cristo Jesus.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!