Quando vivemos na simplicidade da vida e sabemos partilhar a dor, o sofrimento e a pobreza do outro é Deus quem está em nós, nos conduzindo para vivermos a dinâmica do Seu Reino!
“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus!” (Lucas 6, 20).
Escutei a Primeira Leitura da Missa de hoje nos convidando a buscar as coisas do alto. É um excelente incentivo à nossa fé, à nossa espiritualidade para que em Cristo, que está sentado à direita do Pai, esteja centrada a nossa fé.
Que não tiremos d’Ele o nosso olhar, que na perspectiva, no caminhar da vida em direção ao céu não tiremos de Cristo o sentido e a direção da nossa vida.
Permita-me, por um outro lado, dizer: se o nosso coração precisa estar no alto, em Cristo, os nossos pés precisam estar “fincados no chão”. Ter os pés “fincados no chão” significa não deixar de olhar o mundo em que vivemos, o mundo que está ao nosso lado. Por isso, as bem-aventuranças que Jesus nos ensina, sobretudo na perspectiva de São Lucas, chamam-nos a ter os olhos bem abertos para a vida que levamos e a vida do outro que está ao nosso lado.
Por isso, meu irmão, por maior que seja o nosso trabalho, o nosso esforço, a nossa luta não podemos nos apegar ao que temos nesta vida!
Jesus proclama: “Bem-aventurado os pobres. Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós que agora tendes fartura, porque passareis fome! Ai de vós que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!” (Lucas 6, 24-25).
Não dá para passar a vida cuidando de riquezas, acumulando farturas, rindo de tudo e de todos! Porque, existem muitas pessoas passando fome, existem muitas pessoas na extrema pobreza e miséria, existe muito sofrimento ao nosso lado.
A nossa vida pode melhorar, podemos adquirir bens. Mas, nos comportarmos com indiferença e acharmos que está tudo bem enquanto temos, possuímos e nos esquecermos de quem não tem é viver uma espiritualidade descomprometida com Deus e com Sua Palavra.
Deus quer nos dizer que somos felizes por termos um ‘coração de pobre’, por sentirmos e olharmos a fome do mundo e, muitas vezes, sofrermos e chorarmos com aqueles que sofrem e choram. Se não nos importamos mais, se não sentimos mais a pobreza, o sofrimento e a dor do outro é porque o nosso coração já se aniquilou pelas riquezas deste mundo, pelo que temos ou pela cobiça de querer ter.
Quando deixamos o nosso coração se despojar, quando vivemos na simplicidade da vida e sabemos partilhar a dor, o sofrimento e a pobreza do outro é Deus quem está em nós, nos conduzindo para vivermos a dinâmica do Seu Reino!
Que o nosso coração esteja em Deus e os nossos pés estejam bem fincados no chão para não nos esquecermos uns dos outros, sobretudo, dos que mais sofrem e passam necessidades nesta vida!
Deus abençoe você!