24 Apr 2012

Senhor, dai-nos sempre desse Pão

A multidão que participou do milagre da multiplicação dos pães, na montanha, e, depois, seguiu Jesus até Cafarnaum, acabou percebendo que Ele propôs algo novo. Pedem-lhe, então, um sinal para crer, pois não entenderam o gesto da partilha. Querem uma prova extraordinária como a de Moisés e o maná. É o apego do Judaísmo às suas tradições, fechado à novidade de Jesus. Querem um Messias poderoso, mesmo que seja opressor e explorador. Então, Cristo revela a Sua verdadeira identidade, bem como a daqueles que O recebem dignamente: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).

Ele é o verdadeiro Pão que desceu do céu. Diferente do maná, alimento que Deus enviou por meio de Moisés, a fim de avalizá-lo diante do povo como profeta enviado pelo Senhor. Mas Jesus é o próprio Filho de Deus que se deu como alimento para os homens peregrinos. É o primeiro e o último sinal. É a primeira e última Palavra do Pai, por quem tudo começou a existir. Sem Ele nada seria criado nem salvo. Por Ele todos nós alcançamos graça sobre graça, pois onde abundou o pecado superabundou a graça de Deus.

Por duas vezes, no Evangelho de hoje, repete-se o tema do maná no discurso de Jesus sobre o Pão da vida. É um tipo ou referência fundamental para a comparação que se estabelece entre Moisés e Jesus, entre o alimento que nos leva à morte e o Pão da vida eterna. O maná apareceu para saciar a fome dos israelitas, perdidos no deserto enquanto caminhavam, reclamando e com saudades das “cebolas do Egito”. Infelizmente, a crença popular judaica esperava que, na era messiânica, voltasse a repetir-se o “milagre” do maná. Jesus lhes faz um desafio ao lhes apresentar não um pão, mas o Pão. Eis aqui um alimento material que simboliza outro superior e mais completo: o Pão da vida que é o próprio Cristo.

Por isso, Jesus instrui a multidão acerca de Sua verdadeira natureza: “Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão que veio do céu. É meu Pai que vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6,32-33).

A expressão “pão descido do céu” nos remete, hoje, ao Pão Eucarístico, que é o Corpo de Jesus. Ele é o Pão da vida. Então, as pessoas, de acordo com a interpretação material do pão mencionado por Cristo – tal como a samaritana a respeito da Água Viva (cf. Jo 4,14) – , dizem a Ele: “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6,34).

Esse pedido propicia a grande autorrevelação, na qual Jesus se identifica com o pão em questão: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. Jesus é o alimento que, tal como a Água Viva, satisfaz para sempre a fome e a sede daquele que n’Ele crê. É Ele quem alimenta a vida eterna em nós por Sua Palavra, Seu amor e testemunho.

Assim, o sinal que devemos pedir e receber, acolher de Deus, não deve ser outro senão o próprio Jesus. Ele é o resgate e o cultivo da existência. É a transformação das pessoas que, acolhendo o Seu amor, passam a ser também fonte de vida para outros.

Jesus deixa claro que as coisas do Alto vêm do céu, vêm do Pai. É Ele quem dá o verdadeiro Pão do céu, aquele que dá vida ao mundo. Este pão é Jesus. Quem O ouve se sensibiliza de modo semelhante à samaritana, quando o Senhor lhe oferece a fonte d’água, da qual quem dela beber nunca mais terá sede.

Os que ouviram as Palavras do Mestre pedem desse Pão para sempre. Como aquele povo, digamos, hoje, com fé: “Senhor, dá-nos sempre desse Pão”.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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