13 Mar 2010

Quero misericórdia e não sacrifícios*

Na parábola do fariseu e do publicano, que acorrem ao templo para orar, Jesus pretende mostrar a misericórdia de Deus, que apareceu visivelmente nele próprio, que veio salvar o que estava perdido. A compaixão de Deus é precisamente o ponto de apoio do pecador publicano, enquanto o fariseu crê não necessitar dela, porque sobram-lhe os seus méritos.

A lição da parábola evangélica é que agrada mais a Deus um pecador penitente do que um orgulhoso que se crê justo. Por isso o desprezível cobrador de impostos, ladrão e vigarista alcança a justificação de de Deus, isto é, a sua salvação; e o fariseu irrepreensível, não. Porque a salvação não é mérito das nossas boas obras, mas pura graça e favor de Deus, que pela fé nos faz filhos seus em Cristo e no Espírito.

Para o fariseu, Deus não é um pai misericordioso, mas um fiscal que assenta nos seus livros todos e cada um dos seus méritos, fruto do seu esforço e da sua observância legal. O publicano, porém, entende muito melhor deus santo e compassivo, diante de quem todos somos pobres e pecadores.

O fariseu representa o modelo auto-suficiente de uma piedade meritória. Segundo ele, é deus quem tem de pagar-lhe os seus próprios méritos, acumulados através de uma escrupulosa fidelidade que vai inclusivamente mais além do prescrito pela lei. Como fariseu piedoso, jejua duas vezes por semana, quando por lei estaria obrigado a jejuar somente uma vez por ano, conforme a lei: no dia da expiação. Além disso, paga o dízimo de tudo o que possui, embora a lei do dízimo não fosse obrigação do consumidor. Além disso, não rouba, nem comete adultério, nem comete injustiças. Realmente, este fariseu é um santo.

O publicano ou cobrador de impostos e o reverso da medalha. O seu inventário espiritual está vazio por completo e o seu currículo é inapresentável: ladrão, explorador dos pobres e injustiçados, avarento e vigarista, pertencente a casta de homens perdidos e sem salvação. Por isso na sua oração começa por reconhecer-se pecador e culpado diante de Deus.

Pois bem, o desenlace da parábola é que o fariseu voltou a sua casa justificado por Deus, pois encontrou graça diante do Pai; e, ao contrário, o fariseu, não.

Pobres de nós se rezássemos: Dou-te graças, Senhor, pois não sou como esta gente. Assim, nos auto-excluiríamos da misericórdia de Deus, que só alcançaremos confessando-nos pecadores e dizendo com sinceridade: Senhor, eu não sou digno…

Padre Pacheco,

Comunidade Canção Nova.

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 137-138. Paulus: 2000.

Pai das Misericórdias

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