Em Israel, no tempo de Jesus, não havia situação pior que a da viúva. Tinha de se virar sozinha para se sustentar a si mesma e aos filhos. Estes, por sua vez, eram a esperança de sua velhice, pois, ainda crianças, já podiam ajudar um pouco e, mais tarde, cuidariam dela. A 1ª leitura e o Evangelho nos contam como, respectivamente, Elias e Jesus ressuscitam um filho de uma viúva: Elias, com muitos trabalhos; Jesus, com um toque de mão. Se Elias era um “homem de Deus”, um profeta, Jesus é o “Senhor”, e o povo exclama: “Um grande profeta nos visitou! Deus visitou o Seu povo!”
Essa visita de Deus a Seu povo é muito peculiar. Quando um governador ou presidente visita uma cidade, dificilmente vai parar para se ocupar com um cortejo de enterro que casualmente cruzar seu caminho. Vai ver o prefeito, isso sim. Mas o Filho de Deus se torna presente à vida de uma pobre viúva que está levando seu filho – sua esperança – ao enterro. Deus visita os pobres e os pecadores: a viúva, Zaqueu… Aqueles que são abandonados pelos outros. Em Jesus, o Todo-poderoso nos mostra o caminho que conduz aos marginalizados.
Assim é o sistema de Deus, diferente do nosso. Enquanto nós gostamos de investir naqueles que já têm poder e influência; Jesus começa com aqueles que estão à margem da sociedade. O Reino de Deus começa onde existem irmãos que mais carecem de tudo! E revela-se um Reino da vida para os deserdados.
A visita de Deus deixa Seu povo também com “responsabilidade da gratidão”. O povo espalhou a fama de Jesus por toda a região. Mostrou que soube dar valor à visita que recebeu. A Igreja terá de celebrar a mesma gratidão por Deus, que faz grandes coisas aos pequenos. Muitos ainda não são capazes disso. Não sabem se alegrar com a visita de Deus aos pequeninos, por isso lhes escapa a grandeza da visita.
Mas, afinal, quando é que sentimos Deus mais verdadeiramente próximo de nós: ao se realizar uma grande solenidade ou quando um gesto de amor atinge uma pessoa carente?
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
*Cf. Konings, J. “Liturgia Dominical”, p.420-421. Ed. Vozes. Petrópolis RJ: 2004.