08 Aug 2011

Aprenda a abrir mão de certos direitos

Jesus abre mão dos direitos de “Filho do Dono” até mesmo diante do poder temporal e econômico. No Evangelho de hoje, estamos diante de dois problemas.

O primeiro problema é pagar o imposto do Templo, que se vai resumir na entrega de Jesus a Seu Pai. Por isso, Cristo fala da morte pela qual será necessário passar para poder ter vida eterna com o Seu Pai: “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e eles vão matá-lo; mas três dias depois ele será ressuscitado”.

Todavia, os discípulos não entendem isso logo de imediato. E, por isso, ficam tristes. A tristeza deles pode ser também a minha e a sua, quando nos tornamos inimigos da cruz de Cristo ao fugirmos do sofrimento e da mortificação por amor ao Reino dos Céus.

O segundo problema consiste no imposto imperial. Partamos do princípio de que imposto implica domínio sobre os bens da pessoa, por isso, Jesus pergunta a Simão: “O que é que você acha? Quem paga impostos e taxas aos reis deste mundo? São os cidadãos do país ou são os estrangeiros?” A resposta de Pedro foi clara e nos fez ouvir tudo o que deveríamos ouvir sobre como os grandes tiranizam os estrangeiros, os pobres e excluídos da sociedade. Eles fazem uso dos bens que, em princípio, vindos de Deus, deveriam ser geridos para o bem comum.

Os bens são pertenças de Deus, assim como os homens são filhos de Deus, antes de serem súditos de qualquer poder. E, se eles tivessem em mente que os bens são dos “filhos do Dono”, no caso Dono, aqui, faz referência a Deus – de quem tudo tem a sua origem e destino, – não teriam exigido das pessoas o pagamento de impostos. Portanto, os “filhos do Dono” não têm obrigação de pagar impostos de acordo com esse pensamento.

O confronto e a ruptura entre Jesus e as instituições se dão num âmbito nível mais profundo e decisivo, que supera a própria instituição do Estado e do Templo. Senão, vejamos: o pagamento do imposto ao Templo era obrigatório para todo israelita, mesmo para os que habitavam fora da Palestina. Os cobradores de impostos, ao interrogar Pedro sobre o costume de Jesus a respeito desse imposto, julgavam que Ele se recusava a pagá-lo, numa forma de ruptura com os esquemas sócio-religiosos da época. O discípulo lhes respondeu: “Sim, paga!” E foi pedir a Jesus a soma suficiente para cumprir essa obrigação.

Cristo não põe dificuldade, mas reflete com Pedro a respeito do que estão fazendo. De fato, por ser Filho do Dono de tudo, como disse anteriormente, Ele está isento desta obrigação geral. No entanto, está disposto a abrir mão desse Seu direito e a razão é simples: embora seja livre e secundário pagá-lo, Ele o faz para evitar escândalo. Assim, apesar de não fazer sentido, livremente o paga. Contudo, nessa situação, era mais importante não indispor os cobradores de impostos em relação à fé.

A conduta do Mestre revela prudência, ou seja, Ele evita escandalizar quem não estivesse preparado para defrontar-se com um gesto de liberdade. Em última análise, Seu pensamento segue numa direção bem diferente: Jesus mostra, uma vez mais, qual é a verdadeira missão do Messias: dar a própria vida e ressuscitar.

Quantas pessoas neste mundo não conseguem abrir mão de certos direitos que têm, mesmo quando está em jogo a vida, o casamento, o relacionamento, o emprego porque elas são isso ou aquilo! Preferem jogar tudo fora. Inclusive a vida do irmão, da irmã, da esposa, do esposo, do funcionário, do colega, enfim de tudo, para defender seus privilégios.

Peçamos ao Espírito de liberdade que nos torne capazes de abrir mão de certos direitos quando estiverem em jogo os interesses do Reino dos Céus na vida das pessoas.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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