01 Nov 2011

A veste da bondade e o banquete do Reino

Estamos diante de um texto que nos relata o convite ao grande banquete que prefigura aquele do qual um dia participaremos eternamente. Dentre os vários aspectos que se pode destacar estão os servos enviados pelo dono da casa, os convidados ao banquete e, por último, as consequências do “aceitar” ou “não”.

De duas formas foram enviados os servos. Primeiro, um convite; logo, um segundo para estarem seguros da presença do convidado. Evidentemente, os servos eram os profetas. Temos as palavras de Isaías (41,8) em que vemos que todo o povo de Israel era considerado como servo: “Mas tu Israel, servo meu, tu Jacó a quem escolhi, descendente de Abraão, meu amigo”. Porém, como enviados – não como acolhidos ou escolhidos – os verdadeiros servos são os profetas segundo Jeremias 7,25: “Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias, começando de madrugada, eu os enviei”.

A primeira leva corresponde aos profetas do Antigo Testamento e, de modo especial, a João Batista que começou declarando que o Reino está à vista (Mt 3,2) e enviado como mensageiro segundo Marcos (1,2). Como segunda leva temos o próprio Jesus e seus apóstolos a quem Ele enviou em missão (Mt 10,1; Mc 3,13 e Lc 9,2). Tanto num caso como noutro os convivas não aceitaram o banquete.

Os convivas eram o povo judeu, representado pelos seus dirigentes. Deduzimos isto pelo próprio comentário de Jesus sobre a conduta dos fariseus e escribas: “Não entrais nem deixais entrar os que querem fazê-lo” (Mt 23,13). Os fatos, ajustando-nos ao tempo histórico de Jesus, dão razão ao desenvolvimento da parábola: João, o primeiro arauto do Reino, foi decapitado pelo tetrarca da Galileia e os chefes dos sacerdotes e os anciãos não reconheceram sua função profética (Mt 21,27.32).

O próprio Jesus, em cuja pessoa radicava o Reino, foi rejeitado e morto por instigação dos dirigentes, o Grande Sinédrio (Mt 29,16-19). Os discípulos também foram perseguidos, como Estevão, Tiago e até Pedro que se livrou de modo especial da morte.

Ao saber o Rei como foram tratados os seus servos, encolerizou-se e enviou os soldados para destruírem aqueles homicidas e queimarem sua cidade. Jesus descreve o castigo brutal que era devido a uma cidade rebelde segundo os costumes da época. Os homens eram mortos ou escravizados. A cidade era entregue às chamas. Evidentemente, é o que aconteceu com Jerusalém diante da qual Jesus chorou exclamando: “Deitarão por terra a ti e a teus filhos no meio de ti, e não deixarás de ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo em que foste visitada” (Lc 18,44). E o mesmo acontecerá contigo se não aceitar o convite à conversão.

Há duas partes na parábola que devemos distinguir e diferenciar para entendê-la melhor: a primeira é sobre a rejeição dos judeus, especialmente de seus dirigentes, que ainda perdura como referência atual de que as palavras de Jesus têm força total: “Nenhum dos convivas provará meu jantar” (Lc 13,24).

No Reino haverá sempre pessoas indignas, a mistura do joio com o trigo do capítulo 13 de Mateus. Nem todos terão a veste limpa que era exigida nas bodas, que significa que a bondade deve ser a marca dos convivas novos, como também é a marca de Deus. Pois essa bondade divina nos atinge não só como um exemplo a imitar, mas também como um mandato a cumprir. Por isso dirá Jesus: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).

Talvez a melhor explicação sobre a veste nupcial seja a dada por Paulo em 1Cor 6,9 sobre os herdeiros do Reino, aqueles que entraram, mas não podem permanecer no mesmo: “Nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os pederastas, nem os ladrões, nem os gananciosos, nem os beberrões, nem os caluniadores, nem os rapaces herdarão o reino de Deus”.

Outra passagem que não podemos esquecer é a que vimos anteriormente sobre os eleitos do Cordeiro. O amor está como motor último dessas virtudes que alguns chamam passivas, mas que exigem uma fortaleza inusitada. Com elas, imitamos a Deus rico em misericórdia (Ef 2,4) e o Verbo que, sendo rico, se despojou da glória de sua divindade mostrando a humilde condição humana. E humilhou-se, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,6-8).

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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