23 Feb 2008

A PARÁBOLA DO FILHO PERDIDO Lc 15,1-3.11-32

Estamos diante da parábola do filho pródigo que faz parte do conjunto das parábolas sobre a misericórdia que aludem a Jeremias, quando ele descreve a restauração do povo e o anúncio da nova Aliança (Jr 31,1-34). Jesus apresenta aqui o conteúdo da nova Aliança, através das parábolas do pai que acolhe o filho perdido.

Temos diante dos olhos, o amor misericordioso de Deus, mais forte que o pecado do homem, é representado pelo filho mais novo que sai de casa.  Embora a motivação de seu retorno a significar a conversão não seja o amor do pai, mas a necessidade de sobreviver, o fato de ter reconhecido seu pecado foi suficiente para ser visto, mesmo ao longe, pelo próprio pai com compaixão.  Desta maneira, o gesto de retornar foi suficiente para demonstrar a iniciativa da gratuidade do amor do pai que se adiantou no encontro, correndo, lançando-se ao pescoço do filho e cobrindo-o de beijos.  Entretanto, no exato momento em que o amor paterno atingiu o seu clímax pelo ritual da festa, entra em cena o filho mais velho, representando os fariseus e os escribas que murmuravam contra o hábito de Jesus receber e comer com os pecadores.

O mais velho representa a antiga Aliança, baseada na Lei, enquanto o mais novo a nova Aliança, fundada na gratuidade da graça, anunciada por Jeremias, e realizada pelas atitudes de Jesus a mostrar o verdadeiro rosto misericordioso de Deus. O mais velho orgulhoso do fariseu no templo, desprezando o outro, considerado pecador, enquanto o mais novo se assemelha ao publicano arrependido, mas justificado pela graça.

A parábola do filho perdido que foi achado, ao invés de parábola do filho pródigo, bem poderia ser conhecida por parábola do pai misericordioso cuja no amor expressa a nova Aliança de Deus, em Cristo, a motivar a conversão dos pecados com os quais deseja cear, partilhando sua amizade.  A parábola expõe a necessidade de conversão para todos, tanto àqueles que se enquadram melhor na figura do filho mais velho, quando aqueles que vêem espelhados no mais novo, pois na realidade, todos nós somos pecadores.  O pai é o mesmo e age de forma idêntica, lida ao encontro dos dois filhos.  A diferença está tão-somente na atitude dos irmãos.  Um se reconhece pecador e muda de vida, o outro se julga justo e não se deixa transformar; pelo contrário, fecha-se à imensa misericórdia do pai, escandalizando-se sem motivo e bloqueando-se na sua revolta.

A parábola pode servir para tornar mais frutuosa a celebração dos sacramentos da Penitência, se nos detivermos nos aspectos do filho mais novo. E também servir para desmistificar o falso justo, se nos detivermos nos aspectos do filho mais velho.  São aqueles que recusam a confessar os seus pecados, simplesmente porque são incapazes de reconhecê-los, pois sempre se examinam segundo a Lei e não diante do amor maior e mais exigente da justificação pela graça.  Por isso, às vezes observantes de um código rígido de moral, não compreendem as falhas mais graves dos outros, sendo, inclusive, incapazes de se alegrar pela conversão dos pecadores.  Falta-lhes a grandeza de compreenderem a alegria de Deus e do coração de Jesus pela ressurreição dos mortos e reencontro dos perdidos.  Falta-lhes também o reconhecimento do amor gratuito de Deus, como experiência mais totalizante do ser, que a simples observância da Lei é incapaz de traduzir.

Pai das Misericórdias

Pedido de Oração

Enviar
  • Aplicativo Liturgia Diária

    Com o aplicativo Liturgia Diária – Canção Nova, você confere as leituras bíblicas diárias e uma reflexão do Evangelho em texto e áudio. E mais: você ainda pode agendar um horário para estudar a palavra por meio do aplicativo.