Precisamos receber, na Eucaristia, o Cristo sofrido, machucado, maltratado, despido e humilhado
“Jesus derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido” (João 13,5).
Hoje, começamos a celebrar o Tríduo Pascal de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Páscoa do Senhor começa na mesa, com a refeição, que é o símbolo da refeição eterna, o banquete celeste que todos nós somos convidados a participar eternamente no Céu.
Quando celebramos a Santa Ceia do Senhor, detemo-nos e centralizamo-nos no mistério da Eucaristia, porque, na verdade, é o próprio Senhor quem nos dá Seu corpo e Sangue, que se dá como alimento a todos nós.
A Eucaristia não começa na mesa, mas sim no chão, onde Jesus lava os pés de Seus discípulos. É o sacramento da humilhação e da humildade, é um Deus que se humilha, de tal forma, que já não basta ser humano, Ele se humilha em forma de trigo e reveste-se para tornar-se o Pão que nos alimenta.
Celebrar a Eucaristia é morrer para si mesmo, humilhar-se a si mesmo para cuidar uns dos outros, para lavar os pés dos irmãos, para ser “escravos” uns dos outros, não da escravidão humana nem da submissão à paixão ou a qualquer forma violenta dos sentimentos humanos, mas sim a escravidão do serviço, do cuidado, do perder a razão para submeter-se ao amor divino.
A Eucaristia começa com o perdão, quando perdoamos uns aos outros, quando deixamos de ter razão para que o amor fale mais alto em nosso coração. A Eucaristia começa nos pés dos mais sofridos e necessitados! Eucaristia é lavar os pés da humanidade suja pela poeira das estradas da vida, pelos maus tratos que sofrem em tantas circunstâncias.
Não basta comungarmos o Corpo e o Sangue de Cristo e reinflamar o nosso ego: “Ah, Cristo está em mim!”. É preciso receber o Cristo na Eucaristia e cuidar do Cristo sofrido, machucado, maltratado, despido e humilhado.
Nós nos acostumamos a contemplar simplesmente o Cristo glorioso, mas Ele passa pela Paixão e pela humilhação. Por isso, meus irmãos, é preciso abaixar, descer até o chão e ir ao encontro dos que mais sofrem, para neles contemplarmos o Cristo crucificado.
Precisamos, todos os dias, lavar os pés uns dos outros e celebrar na Eucaristia a pessoa dos pobres e sofridos!
Deus abençoe você!