11 Sep 2015

Aprendamos a ver o próximo com os olhos de Jesus

Saberemos cuidar, amar, julgar menos, condenar de forma nenhuma, mas sermos o elo da misericórdia de Deus para com o nosso próximo!

Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho?” (Lucas 6, 42).

A Palavra de Deus, que vem hoje ao nosso encontro, é um convite para revisarmos a nossa própria vida, a olharmos para dentro de nós e não cairmos na terrível tentação de viver reparando a vida dos outros sem, contudo, nos determos e repararmos a nossa própria vida.

É preciso chamar atenção que “reparação”, aqui, não significa viver criticando, observando isso ou aquilo. “Reparar” quer dizer corrigir, olhar para si, tomar o caminho e a direção certa para a vida.

Sabe, meus irmãos, temos que, de todas as formas, evitar com toda a força do nosso coração aquelas chamadas ‘reuniões comunitárias’, aqueles encontros que fazem para falar, julgar e comentar a vida dos outros.

Quando olhamos para dentro de nós mesmos percebemos que existem muitas coisas dentro de nós que precisam de conserto, de reparação, de endireitamento.

Quem, de verdade, trabalha para cuidar de si, para reparar sua própria vida não tem tempo para reparar e falar da vida dos outros. Quem gasta seu tempo, sua vida para olhar como está o outro [no sentido negativo da palavra] é porque não tem tempo ou seriedade para olhar e reparar sua própria vida e o seu próprio coração.

Por isso, temos que ter muito cuidado com a chamada ‘cegueira espiritual’, porque ela não atinge só o espírito, acaba, na verdade, sendo uma cegueira moral.

Estamos cheios de coisas dentro de nós que precisam de renovação, de purificação, mas gastamos nossas energias, nossas capacidades, inclusive o nosso próprio tempo, reparando, comentando, nos desgastando com a vida do nosso próximo.

Se alguém pode ajudar alguém, este precisa, primeiro, aprender a enxergar. E saber enxergar quer dizer: saber enxergar a si mesmo, conhecer a si mesmo, reparar em si mesmo, dar conta de si mesmo.

O olho interior não é voltado para as coisas externas; é voltado para dentro de si, é a capacidade de fazer auto-análise, exame de consciência, de admitir que temos essas dificuldades, esses limites e precisamos nos cuidar melhor.

Quando aprendemos a nos cuidar, a nos reendireitar na vida, sabemos ter mais misericórdia, sabemos olhar com outros olhos os limites e dificuldades do outro. Por isso, estamos, muitas vezes, como diz o Evangelho, vendo “cisco” no olho do outro e não somos capazes de enxergar uma trave enorme à nossa frente. É mais do que isso, a trave não está só à nossa frente, está dentro de nós porque tornamo-nos incapazes de nos conhecer.

Que a graça de Deus nos ajude, acima de tudo, a sermos capazes de, a cada dia, nos conhecermos melhor, a repararmos mais as nossas faltas e sermos capazes de dar o melhor de nós e sermos melhores a cada dia. Assim saberemos cuidar, amar, julgar menos, condenar de forma nenhuma, mas sermos o elo da misericórdia de Deus para com o nosso próximo!

Deus abençoe você!

Pai das Misericórdias

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