19 Apr 2010

O trabalho da fé*

O Evangelho de hoje constitui a introdução ao discurso do pão da vida que, segundo João, Jesus pronunciou na sinagoga de Cafarnaum. Terminada a multiplicação dos pães, Cristo despediu a multidão, que tentava proclamá-lo rei, e retirou-se para a montanha a fim de orar. Sem demora, durante a noite e caminhando sobre a água, juntou-se aos Seus discípulos, que se dirigiam de barco para Cafarnaum.

Mas o entusiasmo popular pelo prodígio dos pães não se apagou tão facilmente. Assim é que muitos partiram em busca do Senhor até que O encontraram no dia seguinte na referida cidade [Cafarnaum].

Cristo sofre a incompreensão do povo, em cujo benefício operou grandes obras. Do mesmo modo, o diácono Estevão verá correspondida a sua atuação em favor do povo, com o ódio, a calúnia e a prisão, como vemos na primeira leitura.

Como sempre acontece com toda a multidão, o povo alimentado por Jesus até à saciedade com cinco pães e dois peixes queria um deus de uso e consumo, um deus que sirvisse os seus interesses e necessidades, um deus comercial que oferece e distribui os seus dons ao capricho do pedido. Este é o deus de uma fé supersticiosa e de uma religião natural, que quer encerrar Deus nos limites dos ritos e das leis culturais e que procura servir-se da divindade em vez de a servir e adorar.

Jesus vê nessa procura do pão material uma oportunidade para proclamar uma norma superior: “Trabalhai não pelo pão que perece, mas pelo alimento que perdura, aquele que vos darão Filho do homem; pois este foi selado por Deus, o Pai”.

Segundo os mestres da lei mosaica, as obras que agradavam a Deus e conseguiam d’Ele a salvação para o homem eram as orações e os jejuns, as esmolas e os dízimos, os ritos e as purificações. Mas Cristo corrige as perspectivas e deixa claro que as obras de Deus, o “trabalho” que Lhe agrada, mais que se perder em prescrições legalistas, é aceitar o Seu Enviado, acreditar na Pessoa de Jesus, o Messias, selado pelo Pai com a marca da divindade. Efetivamente, só mediante a fé, dom de Deus, pode ser reconhecido Cristo como Seu Filho e Messias.

Das palavras de Jesus Cristo depreendemos que a fé é graça de Deus e, ao mesmo tempo, tarefa e resposta livre do homem à iniciativa e gratuidade amorosa do Senhor. Assim trabalharemos pelo alimento que perdura e dá vida eterna , como repetidas vezes disse Cristo: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Sobretudo, procurai o Reino de Deus e a sua justiça; o resto vos será dado por acréscimo.

Em meio ao cansaço e às preocupações de cada dia façamos uma parada no caminho: o que procuramos e o que centra a nossa vida e trabalho? Ocupemo-nos no seguimento de Cristo e saboreemos o Seu Pão que sacia definitivamente a nossa fome de justiça e paz, esperança e amor, silêncio e contemplação, convivência e fraternidade, equilíbrio e maturidade.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 201-202. Paulus: 2000.

Pai das Misericórdias

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