26 Jul 2011

A velhice é um sinal de que a vida requer profundidade

“Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram, e ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram!”

Jesus faz com que os Seus discípulos sintam a grandeza do dom recebido. Ele não lhes fala em parábolas do Reino de Deus. As parábolas velavam uma doutrina cuja interpretação de muitos corria o risco de deturpá-las em sentidos nacionalista e material; a eles, que eram dóceis e humildes, Jesus comunicava a interpretação exata das parábolas: a felicidade e a libertação são para todos, acima de tudo para os marginalizados, os oprimidos, os frágeis, as mulheres, os excluídos, os pequeninos, os estrangeiros e os pobres; a origem desta libertação terrena e eterna é Deus, a quem Cristo anuncia como Pai, Filho e Espírito Santo.

Sem dúvida, Ana e Joaquim pertenciam ao grupo daqueles judeus piedosos que esperavam a consolação de Israel, e precisamente a eles foi dada uma tarefa especial na história da Salvação: foram escolhidos por Deus para gerar a Imaculada que, por sua vez, é chamada a gerar o Filho de Deus.

Estamos hoje celebrando o dia de Santa Ana e São Joaquim, os pais da Bem-Aventurada Virgem Maria. Esta não podia deixar de irradiar a graça totalmente especial da sua pureza, a plenitude da graça que a preparava para o desígnio da maternidade divina.

Podemos imaginar quanto receberam dela estes pais, ao mesmo tempo em que cumpriam o seu dever de educadores. Mãe e filha estavam unidas não apenas por laços familiares, mas também pela comum expectativa do cumprimento das promessas, pela recitação multiforme dos Salmos e pela evocação de uma vida entregue a Deus.

Santa Ana e São Joaquim são modelo pela sua santidade vivida em idade avançada. Em conformidade com uma antiga tradição, eles já eram idosos quando lhes foi confiada a tarefa de dar ao mundo, conservar e educar a Santa Mãe de Deus.

Na Sagrada Escritura, a velhice é circundada de veneração (cf. 2 Mac 6,23). O justo não pede para ser privado da velhice e do seu peso. Ao contrário, ele reza assim: “Vós sois a minha esperança, a minha confiança, Senhor, desde a minha juventude… Agora, na velhice e na decrepitude, não me abandoneis, ó Deus, para que eu narre às gerações a força do vosso braço, o vosso poder a todos os que hão-de vir” (Sl 71 [70], 5-18).

Com a sua própria presença, a pessoa idosa recorda a todos – e de maneira especial aos jovens – que a vida na terra é uma “curva”, com um início e com um fim: para experimentar sua plenitude, ela exige a referência a valores não efêmeros nem superficiais, mas sólidos e profundos.

Infelizmente, um elevado número de jovens do nosso tempo estão orientados para uma concepção da vida na qual os valores éticos se tornam cada vez mais superficiais, dominados como são por um hedonismo imperante. O que mais preocupa é o fato de que as famílias se desagregam à medida que os esposos atingem a idade madura, quando teriam maior necessidade de amor, de assistência e de compreensão recíproca.

Os idosos que receberam uma educação moral sadia deveriam demonstrar, diante de sua vida e o próprio comportamento no trabalho, a beleza de uma sólida vida moral. Deveriam manifestar aos jovens a profunda força da fé, que nos foi transmitida pelos nossos mártires, e a beleza da fidelidade às leis divinas da moral conjugal. Teremos nós os olhos e os ouvidos abertos para reconhecer um mistério tão excelso?

Peçamos a Santa Ana e a São Joaquim não só para ver e ouvir a mensagem de Deus, mas também participar com amor desta mesma mensagem, transmitindo luz e esperança às nossas famílias. Confiemos de maneira especial a Santa Ana, às mães, sobretudo as que são impedidas na defesa da vida nascente ou que encontram dificuldades para criar e educar seus filhos.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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