06 Feb 2010

A compaixão de Jesus, o bom Pastor

       O evangelho esboça o quadro para a ação seguinte de Jesus, a multiplicação dos pães. Os discípulos voltam de seu “estágio pastoral”, contam tudo o que fizeram. E Jesus, dando um exemplo para a Igreja futura, os convida a descansar na sua presença, num lugar deserto (o deserto, em São Marcos e em muitas páginas da Bíblia, é o lugar onde Deus fala a seu povo.

      Quantas e quantas vezes nos queixamos, pelo fato de não conseguirmos nos encontrar e falar com o Senhor; principalmente não conseguimos escutar o Senhor. Uma pergunta precisamos fazer: onde o silêncio possui lugar em nossa vida? Vivemos numa correria constante, numa agitação frenética, num incessante ir e vir, enfim, não paramos para nada. Muitas vezes até tentamos justificar, pois estamos correndo para anunciar o evangelho de Jesus. Um outro falto concreto, pelo qual não paramos, é que possuímos um medo terrível do silêncio; sim, pois o silêncio não fala: ele grita no mais profundo da alma. Deus não fala, Ele grita no fundo da nossa alma, quando resolvemos silenciar. Por isso o fato de vivermos num profundo barulho, numa profunda agitação. Nós, discípulos de Jesus, corremos este risco! Jesus, por sua vez, convida-nos para irmos a um lugar a parte, sozinhos com o mestre, pois Ele quer nos falar, falar ao nosso coração.

      Ao falar ao coração, quer nos motivar, nos ajudar, nos corrigir, nos orientar… Quer nos mostrar a verdade, nua e crua. Aliás, Ele é a Verdade, como também é o Caminho e a Vida. Muitas vezes queremos saber qual é o melhor caminho para a nossa vida; queremos ser felizes (vida, vida em plenitude), mas não queremos a verdade. E a verdade tem nome: Jesus!

      Somente existirá vida e vida em plenitude, felicidade, em Cristo Jesus, que quer nos orientar para tudo isso; mas para isso é preciso que aceitemos o convite: vinde descansar num lugar a parte.

      Mas aí acontece o inesperado: chegando ao lugar deserto, encontram uma multidão de gente, que acorreu por terra ao lugar onde se dirigira o barco. Decepção no plano humano, mas hora da graça no plano de Deus. E então, Jesus tem compaixão da multidão, “porque eram como ovelhas sem pastor”.

      Esta breve frase de São Marcos em seu evangelho evoca um mundo: toda a tradição bíblica acostumada a falar em Deus como o “Pastor de Israel”, título dado também a Moisés, aos reis e, sobretudo, ao rei messiânico, anunciado pelos profetas: Jeremias, Ezequiel, e Zacarias. Para quem sabe ler, significa que ele é o pastor escatológico que chegou.

      Jesus, movido de compaixão (qualidade primordial de Deus) assume ser o pastor dessas ovelhas que não têm pastor, vindas de todos os lados para encontrá-lo. Uma situação humana inesperada torna-se realização da reunião escatológica do rebanho de Deus. Pela incansável “com-paixão” do Cristo, prepara-se a mesa para o banquete escatológico.

      O simbolismo do pastor , no Antigo testamento, tem várias facetas. Nos textos clássicos de Jeremias, Ezequiel e Zacarias encontramos a oposição entre o bom pastor (Deus ou seu enviado) e os maus pastores, que são os chefes de Israel e Judá. Que o significado do bom Pastor oscila entre Deus e seu enviado não é um problema para o leitor oriental: ele sabe que o pastor não é necessariamente o dono do rebanho; pode ser seu homem de confiança. Para o salmista no salmo 23, para Jeremias, Ezequiel e o profeta Zacarias, o pastor é Deus mesmo; e sobretudo, trata-se de seu enviado. O Novo testamento vê a realização desta figura em Jesus.

      Certa vez uma menina, com câncer terminal – a menina tinha doze anos e era cadeirante – explicava a sua alegria em viver, sabendo que poucos dias de vida lhe restava, mergulhando sua vida em Jesus, contemplando no silêncio, a figura de Jesus bom Pastor. Ela dizia que era a pessoa mais feliz do mundo, pois era a pessoa mais amada por Jesus. A partir da imagem do Bom Pastor, pintada no quadro, dizia que ela era a ovelha que não estava ao lado de Jesus, mas em seu colo, pois a que estava ao colo era uma ovelha doente, que não podia caminhar. Ela se sentia profundamente amada pelo Cristo bom Pastor, tomado de compaixão por ela; compaixão esta que sentiu pelo fato de silenciar sua vida no colo de Jesus bom Pastor. Esta menina somente se via, não ao lado de Jesus – como as outras ovelhas – mas no colo de Jesus Bom pastor.

      Pe Pacheco,

      Comunidade Canção Nova.

Pai das Misericórdias

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