23 Jul 2011

O mal aparente e o verdadeiro bem

A parábola do joio oferece um aspecto particular ou qualidade do Reino.

O joio é uma planta muito parecida com o trigo antes de se formar a espiga. A espiga do joio é muito mais fina do que a do trigo e, frequentemente, está infectada com fungos que a tornam negra e venenosa. Também a própria gramínea tem, como o esporão do centeio, um componente venenoso. O joio só se distingue do trigo quando a espiga amadurece, sendo que a espiga do joio é formada por grãos pretos como de carvão.

O termo de comparação é o Reino dos céus. Apesar de o título “dos céus”, ele tem como assento a terra, não no sentido geográfico, mas humano, por isso, é mais exato traduzi-lo por Reinado. O povo que o forma não é o conjunto dos bem-aventurados do céu, mas refere-se à Igreja da terra, formação visível da comunidade dos fiéis que escolheram Jesus como seu Senhor e que estão misturados no campo do mundo com pessoas que não são crentes ou têm outras ideologias, sem descartar que – dentro da Igreja – podem existir também os escandalosos e os que praticam a iniquidade, pois na explicação dada por Cristo aos discípulos Ele transforma a parábola em alegoria.

A parábola do joio é própria de Mateus sem que encontremos um paralelo nos outros Evangelhos. O joio não se distingue do trigo, assim como uma árvore estéril não se distingue de uma boa a não ser na época dos frutos.

Deus é o Pai que faz com que o sol nasça também para os maus e a chuva fertilize os campos dos incrédulos. No fim – e unicamente no fim – a Sua justiça acompanhará em parte a Sua misericórdia. Para os que receberão uma eternidade de dor, é justo que recebam uma vida temporal cheia de triunfos e alegrias. Como Jesus afirmou na parábola do pobre Lázaro, os papéis serão invertidos: “Lembra-te que tu recebeste os bens e Lázaro pelo contrário só os males”.

A influência do diabo é a de semear o joio: propagar que a única maneira de alcançar a felicidade é saber viver na abundância e no prazer, pois não existe o além nem a quem tenhamos que dar contas de nossas condutas. É difícil, diante desse programa de vida, pregar uma existência de sacrifício e renúncia, como Jesus pede a Seus discípulos. Por isso, o mal se converte em “bem aparente” e o verdadeiro bem está oculto aos olhos da multidão.

Livra-me, Senhor, desta semente e abra-me as portas da boa semente, que é o Filho do Homem!

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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