22 Apr 2011

O amor em plenitude é assumido na Cruz

Sexta-feira Santa ou simplesmente da Paixão e Morte de Jesus. Somos levamos a contemplar e vivenciar o mistério da iniquidade humana na pessoa de Jesus sim, mas, e sobretudo, o mistério do Seu triunfo definitivo. O rito da apresentação e adoração da cruz vem como consequência lógica da proclamação da Paixão de Cristo. A Igreja ergue diante dos fiéis o sinal do triunfo do Senhor, que havia dito: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu sou” (Jo 8, 28)

Enquanto apresenta a cruz, o celebrante canta por três vezes: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a Salvação do mundo”. A assembleia, cada vez, responde: “Vinde, adoremos!”. Durante a procissão da adoração, entoam-se cânticos apropriados.

Jesus morre no momento em que, no Templo, se imolam os cordeiros destinados à celebração da Páscoa; a sua imolação é uma imolação “real”, um sacrifício realizado uma vez por todas, porque a vítima espiritual tornou inúteis as vítimas materiais. Outros pormenores completam o quadro: a Jesus não são quebradas as pernas, em conformidade com as prescrições rituais (Ex 12,46); do Seu lado transpassado jorra o Sangue, com o qual são misteriosamente assinalados os que pertencem ao novo povo, àqueles que Deus salva (cf Ex 12,7.13). Cristo crucificado é, pois, o “verdadeiro Cordeiro Pascal”: Ele é a “nossa Páscoa” imolada (cf 1 Cor 5,7). “Verdadeiro, porque é a realidade daquilo que os sacrifícios antigos exprimiam: a Salvação recebida e esperada, a aliança com Deus e a inserção em Seu desígnio. Esta descrição não é uma novidade; os profetas, e especialmente o segundo Isaías (1ª leitura), descrevem o Servo do Senhor no momento em que realiza sua missão de libertar o povo dos pecados e de torná-lo agradável a Deus, como um cordeiro inocente, carregado dos delitos do seu povo, e que, em silêncio, se deixa conduzir ao matadouro. E é de Sua morte, aceita livremente, que provém a justificação “para todos”.

O dramático diálogo com Pilatos mostra Jesus silencioso, enquanto a autoridade, neste momento a serviço do pecado do mundo que cega o povo, decide sua morte e o condena.

Não seria completa a compreensão do mistério de Jesus se não contemplássemos também, como o Apocalipse de João, o Cordeiro glorioso, que está diante de Deus com os sinais das Suas chagas, dominador do mundo e da história (Ap 5,6ss); o Cordeiro que se imolou por amor à Igreja e para o qual a Igreja tende cheia de amor. Na cruz se iniciaram as núpcias do Cordeiro, que terão sua realização plena na festa do céu (cf Ap 19,7-9).

Neste dia, “em que Cristo, nossa Páscoa foi imolado” (1 Cor 5,7), toma-se clara realidade o que desde há muito havia sido prenunciado em figura e mistério: a ovelha verdadeira substitui a ovelha figurativa, e mediante um único sacrifício realiza-se plenamente o que a variedade das antigas vítimas significava.

Com efeito, “a obra da Redenção dos homens e perfeita glorificação de Deus, prefigurada pelas suas obras grandiosas no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da Sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dentre os mortos e gloriosa Ascensão, mistério este pelo qual, morrendo, destruiu a nossa morte e, ressuscitando, restaurou a nossa vida. Foi do lado de Cristo adormecido na Cruz que nasceu o admirável Sacramento de toda a Igreja”.

A celebração da “Paixão do Senhor” focaliza o significado original do sofrimento de Jesus que culmina em Sua morte na cruz. Trata-se do “amor em plenitude” que é assumido na Cruz. Mas, é importante ressaltar que, antes de assumir a cruz de madeira, Jesus assumiu outras grandes e difíceis cruzes.

Podemos ver, hoje mesmo, muitas cruzes levadas por Jesus: uma da traição de Judas e outra da negação de Pedro, a da condenação por parte de Pilatos e do povo e a terceira é a minha e sua cruz de cada dia, meu irmão e minha irmã!

Portanto, celebrar a morte de Jesus na cruz, nos faz pensar nas muitas cruzes que, ainda hoje, colocamos sobre os Seus ombros através da injustiça, do egoísmo, da falta de ternura, da impiedade, da violência, das drogas etc. Faz-nos pensar também sobre as muitas cruzes que os filhos colocam sobre os ombros de seus pais; as cruzes que os pais colocam sobre os ombros frágeis de seus filhos; as cruzes que os esposos colocam-se mutuamente sobre os ombros um do outro e sobre seus próprios ombros; as cruzes que todos colocamos sobre os ombros da comunidade, da Igreja, da sociedade etc. Mas não se esqueça que a Cruz de Cristo nos leva à glória da Ressurreição para a vida eterna.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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