15 Jan 2009

CURE-ME SENHOR SE QUISERES Mc 1,40-45

Este foi o grito do leproso que reconhecendo a sua doença, dobra os seus joelhos em atitude de súplica e reverência diante de Jesus. Mas com firme propósito. Pois ele sabia que Jesus tinha poder de curar: Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser.

No que toca a doença, a Bíblia, especialmente no Velho Testamento, fala, muitas vezes, sobre o problema de lepra. As pessoas leprosas eram excluídas. E a palavra significa uma doença da pele que pode abranger tipos diferentes de doenças. Em outros casos, a mesma palavra fala de manchas em roupas ou paredes, algo que nós poderíamos chamar hoje de fungo ou mofo.

Na lei que Deus deu aos israelitas, uma pessoa leprosa foi considerada imunda (Lv 13,2-3). A doença foi vista como uma praga. “Às vezes, a praga foi enviada por Deus para repreender o povo desobediente” (Lv 14,34).

As instruções sobre a lepra, obviamente, serviam para conter uma doença maligna, mesmo séculos antes de cientistas compreenderem como as doenças se espalhavam.

Mas há um segundo – e mais importante – motivo para falar tanto sobre a lepra no Velho Testamento. Há, pelo menos, duas lições espirituais das ordens sobre a lepra:

1. A importância da obediência. Entre as últimas orientações dadas por Moisés ao povo de Israel são estas palavras: “Guarda-te da praga da lepra e tem diligente cuidado de fazer segundo tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de fazê-lo” (Deuteronômio 24:8).

2. A necessidade de distinguir entre o limpo e o imundo. A chave ao entendimento deste significado da lepra aparece em Levítico (14:54-57) – “Esta é a lei de toda sorte de praga de lepra, da lepra das vestes, das casas, da inchação, da pústula e das manchas lustrosas para ensinar quando qualquer coisa é limpa ou imunda. Esta é a lei da lepra.”

Deus usou coisas físicas tais como doenças, questões de higiene ou diferenças entre animais, para ensinar princípios espirituais.

Quando foi descoberta a imundície da lepra, não mediam esforços para se livrarem dela. Pessoas leprosas foram publicamente identificadas e afastadas da congregação para não contaminar outros. Quando as tentativas de purificar as casas não foram bem-sucedidas, foi necessário derrubar casas inteiras para não deixar a praga se espalhar (Levítico 14:43-45).

O leproso que se aproxima de Jesus pede por sua purificação e não por sua cura. Marcos destaca o sentimento humano de compaixão que Jesus sente pelo leproso em sua exclusão. Jesus transgride a Lei, toca o leproso e o liberta de sua lepra e de sua impureza. Envia o homem, já purificado, ao sacerdote como testemunho contra o poder religioso que reivindicava para si o direito de purificar. Fica caracterizada a ação de Jesus: libertadora e infratora da Lei.

Esta narrativa revela o empenho de Jesus não na simples cura, mas na inclusão social dos marginalizados. O leproso representa os excluídos e marginalizados por um sistema elitista e opressor, no qual o explorador humilha o explorado para inibi-lo e submetê-lo à sua exploração.

As mesmas leis sobre a lepra não se aplicam hoje, mas os princípios que aprendemos delas têm muita importância para nós. Existem muitos leprosos ainda hoje entre nós. Pessoas marginalizadas, excluídas quer pela sociedade, quer pela própria família. Talvez até sejas tu que lês esta homilia. Desprezado pelos seus: o marido, esposa, pais ou filhos. Não encontras espaço nem ar puro para respirar a vontade, porque os outros te tacharam de leproso, leprosa. Não tens por onde recorrer senão à Jesus. Levante a tua voz e grite como este homem do Evangelho de Hoje: Senhor se quiseres podes me curar. E então Ele te responderá: Quero, sê curado. E então curado louvarás o Senhor que fez em ti maravilhas.

Pai das Misericórdias

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