13 Jul 2011

Corações simples e abertos ao conhecimento de Deus

Após o “Discurso da Missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuarem a obra libertadora de Jesus, Mateus coloca em Seu esquema de Evangelho uma seção sobre as reações e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam diante d’Ele e de Sua proposta de “Reino”.

Nos versículos anteriores ao texto que hoje nos é proposto, Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago de Tiberíades, porque foram testemunhas da Sua proposta de salvação e mantiveram-se indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam questionar-se a fim de abrir o coração à novidade de Deus.

Agora, Jesus manifesta-se convicto de que essa proposta, rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.

Hoje estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente, foram pronunciadas em ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta.

A primeira sentença é uma oração de louvor que Jesus dirige ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos. Os “sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus” e “doutores da Lei”, porque absolutizavam a Lei, se consideravam justos e dignos de salvação por cumprirem escrupulosamente a Lei e não estavam dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação.

Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados, ou seja, os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra” que Jesus encontrava todos os dias pelos caminhos da Galileia, considerados malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta libertadora de Jesus.

A segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos “pequeninos”. Trata-se duma experiência profunda e íntima de Deus. Os “sábios e inteligentes” estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de Deus. A Lei era uma espécie de “linha direta” para o Senhor, por meio da qual eles poderiam conhecer Deus, a Sua vontade, os Seus projetos para o mundo e para os homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade, representantes legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos divinos.

Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem de aceitá-Lo e segui-Lo. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá “conhecer” a Deus. Quando muito encontrará imagens distorcidas do Todo-poderoso e aplicá-las-á, depois, para julgar o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir aprenderá a viver em comunhão com Deus Pai, na obediência total aos Seus projetos e na aceitação incondicional dos Seus planos.

Na verdade, os critérios de Deus são bem “estranhos”, vistos “cá de baixo”, com as lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a moda ou as ideias, a definir o que é correto ou não. Mas Deus diz que as coisas essenciais são muito mais rapidamente percebidas pelo “pequeninos”: são eles que estão sempre disponíveis para acolhê-Lo e os Seus valores e para se arriscar nos desafios do “Reino”. Quantas vezes os pobres, os pequenos, os humildes são ridicularizados, tratados como incapazes pelos nossos “iluminados” fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros as suas visões pessoais e os seus pseudovalores. A Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não garantem a posse da Verdade. O que garante a posse da Verdade é ter um coração aberto a Deus e às Suas propostas.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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