08 Feb 2010

Quem é Jesus?

Algo profundamente marcante em São Marcos é o fato de o autor sagrado apresentar, no seu Evangelho, inúmeros relatos de curas, libertações e milagres realizados por Jesus. É o Evangelho que mais apresenta relatos de curas feitas pelo Senhor. Mas devemos nos fazer uma pergunta, principalmente a partir do relato da Palavra de hoje, na qual muitas pessoas eram trazidas a Jesus e Ele as curava: “Qual foi a intenção de São Marcos ao escrever o seu Evangelho? Será que a intenção dele era apresentar um Jesus “curandeiro”, que fazia inúmeras curas? Qual era a intenção dele, afinal?”

São Marcos, quando resolveu escrever o Evangelho à sua comunidade – e a cada um de nós -, na verdade, quis responder a uma pergunta: “Quem é Jesus?”

Durante todo o Evangelho de São Marcos são apresentados relatos de curas e milagres. Uma semana antes da Paixão de Jesus, lá estão os discípulos, uma multidão de pessoas (principalmente as que foram curadas) gritando e O aclamando como rei, quando Ele entra em Jerusalém, montado num jumentinho. Naquele momento, estão todos O aclamando e dizendo que Jesus é o rei. Porém, uma semana depois, aos pés da cruz, lá está sendo dada a resposta sobre quem é Jesus, verdadeiramente. É o Centurião quem dá a resposta, logo após o Senhor ter sido traspassado pela lança. Não é uma pessoa que teve uma “experiência” com Cristo, por intermédio de uma cura, de um milagre, que vai dar esta resposta… Não é um discípulo quem vai responder a esta pergunta (“Quem é Jesus?”), mas é um pagão (o centurião) quem vai dar a resposta acerca de quem é Jesus. Até porque o centurião está ali, aos pés da cruz, enquanto que os “seguidores” de Jesus, ninguém está, exceto algumas pessoas com Sua mãe. O centurião vai dizer, com todas as letras, motivado por uma profunda experiência, feita com a Pessoa de Jesus, aos pés da cruz: “Verdadeiramente, Ele é o Filho de Deus!”

Impressionante, todos aqueles que caminharam com Jesus, que O seguiram, ninguém conseguiu dar uma resposta sobre quem Ele era. Mas foi aquele pagão que não perdeu tempo em mergulhar sua vida em Deus, ali, aos pés da cruz, comandando os soldados, que deu uma resposta vinda da alma, fruto de uma profunda experiência.

Infelizmente, podemos, como aquelas inúmeras pessoas que seguiram ao Senhor, nunca responder a essa pergunta. Desta resposta depende a nossa salvação. Daí a gente entende a palavra de Jesus, no Evangelho de São Mateus: “Afastai-vos de mim, malditos. Não vos conheço!” E diremos: “Senhor, quantas vezes falamos em Teu nome? Te anunciamos… fomos A Santa Missa… rezamos…”. O problema não está na Missa, na oração, é obvio! O problema é que esta resposta é fruto de quem ama verdadeiramente. O centurião passou a amar a Jesus – por causa de sua entrega – imediatamente. E, imediatamente, deu a resposta. Nós achamos que amamos as pessoas, na grande maioria das vezes. Não, infelizmente nós nos amamos nas pessoas! Se amássemos, verdadeiramente, o lugar onde estamos – a começar pela família – já teria se tornado um pedaço do céu, independentemente das misérias das pessoas que ali vivem; a começar pelas nossas!

Por outro lado, também percebemos, no Evangelho de hoje, que todas as pessoas apresentadas a Jesus eram curadas. Ora, se todas eram curadas, muito mais curadas eram as que levavam os doentes; aqui se apresenta uma verdade que precisamos assimilar em nossa vida se verdadeiramente queremos ser curados pelo Senhor: Precisamos deixar de nos preocupar e nos ocupar – excessivamente – com nossas enfermidades e nos ocuparmos com os outros, com aqueles que mais precisam. Aqueles que levavam os doentes, sem dúvidas, eram curadas no caminho, antes de chegar a Jesus. A cura, por excelência, acontece quando nos envolvemos em levar os irmãos à presença de Jesus, e Jesus, à presença dos irmãos.

Não vamos levar as enfermidades – misérias – dos irmãos, jogando-as em suas caras, mas vamos levá-los a Jesus. Aí, com certeza, está a nossa cura e a cura dos irmãos.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

Pai das Misericórdias

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