02 Jan 2009

PREPARAI O CAMINHO DO SENHOR Jo 1,19-28

João Batista, o precursor do Messias Jesus, nos ensina a dar testemunho de nossa fé cristã: não somos mais que uma voz que clama, no deserto deste mundo violento e injusto, que em Jesus Deus nos visitou definitivamente, para mostrar-nos seu amor, sua misericórdia e ternura, para desatar as cadeias de nossas opressões, para batizar-nos não com água, mas com o fogo de seu Espírito, que nos transformará em homens e mulheres de paz, justiça e solidariedade.

Mais uma vez, a figura central do evangelho de hoje é o Precursor, João Batista. Essa vez, num texto tirado do Evangelho de João, o Batista é apresentado como testemunha de Jesus. Ele assume a identidade de quem veio gritar “Aplainai o caminho do Senhor”, usando uma frase tirada de Isaías 40,3. No texto de Isaías, esta frase é usada para preparar o Novo Êxodo, a volta dos exilados do cativeiro na Babilônia, no início do tal chamado “Livro da Consolação de Israel” (Is 40-55). A mensagem de João Batista também prepara o povo para um evento de grande alegria – a vinda do Messias, Jesus de Nazaré!

Nesse texto, já no primeiro capítulo do Evangelho de João, entram em cena os que serão mais tarde os adversários de Jesus – as autoridades dos judeus. Embora às vezes no Quarto Evangelho o termo “os judeus” designa o povo de Israel em geral (cf.3,25;4,9.22 etc), aqui, como na maioria das vezes, o termo significa os representantes dum mundo que não compreende, e eventualmente hostiliza Jesus. Nesse sentido, ele caracteriza especialmente as autoridades religioso-políticas do judaísmo da época – os sacerdotes, fariseus e escribas.

Atrás do texto também dá para entrever a tensão que existia dentro da comunidade do discípulo amado entre os seguidores de João Batista e de Jesus. Por isso a insistência no texto em informar que João “não era o Cristo”, mas testemunha do fato de que Jesus era o enviado de Deus.

No mais, o evangelho retoma a mensagem dum convite para que todos nós preparemos o caminho do senhor. “Aplainai o caminho do Senhor” significa facilitar a sua chegada entre nós, tirando das nossas vidas tudo que possa impedir um encontro real com Jesus. No nível individual, aqui há um convite para uma conversão pessoal, que é um processo contínuo na vida de todos nós. Mas também há o desafio para que nos empenhemos na luta contra tudo que possa diminuir a vida humana – tudo que causa sofrimento aos nossos irmãos e irmãs. Pois o pecado que existe no mundo não é somente pessoal, mas também social – muito mais do que a soma dos erros individuais. O pecado social se manifesta nas estruturas sociais injustas e opressoras, que tiram de tanta gente a dignidade dos filhos de Deus. A voz do Precursor, como a de Isaías quinhentos anos antes dele, nos desafia para que a nossa conversão pessoal também se manifeste no esforço para a construção dum mundo mais digno, justo, humano e fraterno – o mundo que Jesus veio estabelecer.

Também nos ensina o Batista que não devemos interpor-nos entre Jesus, o enviado, o filho de Deus, e tantas pessoas que querem conhecê-lo e segui-lo. Não podemos pregar a nós mesmos, pretender que acreditem em nós, em nossos particulares interesses e propósitos. Não podemos pretender impor nossa mensagem à força ou aproveitando-nos das necessidades dos pobres e dos pecadores que queiram recebê-lo, ou desprezando-os por sua condição.

O profeta do Jordão proclama que Jesus está no meio de nós sem que o conheçamos, sem que o tenhamos descoberto. Até o lugar onde João prega e batiza é significativo: a outra margem do Jordão, uma aldeia perdida que não é a Betânia próxima a Jerusalém, mas o deserto agreste e inóspito para onde vão buscá-lo os que esperam a Deus. É o que hoje denominamos “a periferia”, opondo-a aos centros do poder econômico, político e até mesmo religioso. Os imensos e supervoados bairros de nossas grandes cidades, cheios de camponeses imigrantes, de pobres trabalhadores informais, sempre beirando a miséria absoluta. Ali estão os que de verdade esperam escutar a voz que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor! Sejas tu meu irmão minha irmã essa voz que gritando também convida todo o mundo a acolher Jesus o Senhor que nasceu nos nossos corações.

Pai das Misericórdias

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