09 Feb 2010

O que nos motiva é o amor?

Num primeiro momento, a partir do Evangelho de hoje, nos parece que Jesus é contra os costumes mais básicos para a sobrevivência humana, como a higiene, por exemplo. Sim, pois os fariseus são taxativos ao dizerem que os discípulos de Jesus não fazem suas purificações antes de tomarem refeição. Será que é isso mesmo?

Os fariseus e os mestres da Lei, devido à tradição judaica, possuíam inúmeras regras e costumes, além dos mandamentos de Deus. Eles eram extremamente rígidos com tudo aquilo que precisava ser observado. Não havia espaço para concessões, para relaxamento. Eram um exemplo de fidelidade àquilo que precisava ser vivido e observado.

O Senhor compreende tudo isso, mas não o aceita pelo fato de colocar estas realidades como valores fundamentais. Não, para Jesus, o valor fundamental é a vida! Na verdade, não é que Cristo e Seus discípulos pecavam contra o fator da higiene, antes das refeições, por exemplo; o que Jesus quer e vai dizer é que essas realidade – sim, muito importantes – não podem tomar o lugar que não possuem, ou seja, muito mais que um preceito, existe um fator chamado dignidade humana: vida.

Os fariseus e doutores da Lei – como já foi dito – tinham preocupações e preceitos que eram supervalorizados; porém, aquilo que verdadeiramente possui valor: a vida humana, a misericórdia, o acolhimento aos pecadores… isso não interessava a eles. Para eles, enfim, a essência estava na regra e não na vida. Jesus é taxativo e imediatamente responde com todas as letras a isso. Muitos fazem das regras não algo para direcionar e conduzir a vida para uma maior entrega a Deus e a Seu projeto; mas fazem da regra, da lei, algo para camuflar realidades de morte e de hipocrisia, escondidas no interior do seu coração.

Quantas preocupações nos invadem; como somos exigentes quanto à postura das pessoas para conosco e de nós mesmos para com elas. Porém, muitas vezes, não temos a coragem de testemunhar a vida, a dignidade da pessoa humana. Por exemplo: nos dizemos católicos fervorosos, de Eucaristia diária, criticamos que não vai à Santa Missa; criticamos os que se encontram em pecado grave; criticamos o padre da nossa comunidade; comentamos acerca da postura dos irmãos na Celebração Eucarística; detonamos  quem não faz parte do nosso grupo de oração ou do nosso movimento na paróquia… No entanto, de forma muito hipócrita, muitos pais, no lugar de educarem suas filhas nos valores evangélicos da castidade e da pureza, chegam a ponto de comprarem uma cama de casal para a filha transar com o namorado dentro de casa… Levam a filha – muitas delas, logo depois de debutar – ao ginecologista para que possa receitar o anticoncepcional mais adequado ao seu organismo… Isso é um verdadeiro disparate! Hipocrisia! E o pai, para que o filho perca a virgindade, submete o adolescente a uma menina prostituída, muitas delas vítimas de abusos sofridos dentro de casa, na grande maioria das vezes. O que digo é digno de fé, não porque sou eu que digo – eu padre Pacheco – mas pela realidade nua e crua de inúmeras filhas espirituais que possuo, por ser sacerdote, e que um dia vieram a mim desesperadas suplicando por ajuda.

Poderíamos dar muitos outros exemplos de hipocrisia aqui, mas vamos colocar nossa mão na consciência e vamos nos questionar sobre tudo isso que estamos vivendo e propagando com nosso modo de viver o Evangelho.

Numa outra ocasião, Jesus vai ser direto e franco: a contaminação e a impureza não vêm de fora, mas vêm de dentro, ou seja, de dentro do coração humano: impurezas, promiscuidade, adultério, roubos, assassinatos… Existe uma frase de Santo Agostinho que nos ilumina e direcionará a cada um de nós a um profundo equilíbrio quanto a darmos o devido valor àquilo que verdadeiramente é importante, ou seja, a vida: “Ame e faça tudo o que quiseres!”

No dia em que o amor – não a regra pela regra, a norma pela norma – estiver à frente de tudo o que fizermos, então sim, estaremos vivendo o Evangelho, o projeto do Reino de Deus em nossa vida, na nossa família, na nossa sociedade.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova.

Pai das Misericórdias

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