15 Dec 2012

O cristão é testemunha de uma glória que passa pelo sofrimento

Elias já veio ou não?

Os discípulos, fracos e sedentos da verdade, querem ser bem informados de toda a doutrina obscura que diz respeito ao Mestre. Afinal, Elias já veio ou não? Apesar de tudo o que tinham visto, eles queriam tirar dúvidas e ter esclarecimento. A justificativa é simples: o diálogo entre os discípulos e Jesus se dá ao descerem da montanha, após a transfiguração de Jesus. Na transfiguração, Pedro, João e Tiago viram três homens: Moisés e Elias que falavam com Jesus sobre o Reino. Diante disso, ficam confusos quando se deparam com as passagens da Lei.

Agora, os discípulos querem ser esclarecidos sobre a vinda de Elias como precursor do Messias, conforme a doutrina que receberam dos escribas. Esta doutrina tradicional fundamenta-se no apêndice final do livro de Malaquias (cf. Ml 3,23-24), segundo a qual Elias “fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais…”. Seria o estabelecimento da paz escatológica. Os escribas associavam Elias com o messias davídico glorioso que esperavam. Ante esta preocupação dos discípulos, Jesus retifica esta falsa expectativa.

E ao preparar seus seguidores para a missão que os espera, Jesus quer convencê-los de que Ele é, deveras, o Messias que esperavam. Os profetas falaram d’Ele e suas obras o atestam com extrema clareza: “Não acreditais nas minhas palavras, acreditai apenas nas minhas obras, pois são elas que dão testemunho de mim”.

Elias já veio na pessoa de João Batista, mas as elites religiosas do Templo, em parceria com Herodes, o ignoraram e o assassinaram. Este também será o futuro do Filho do Homem, como se autodenomina Jesus. Identificando-se com João em seus maus-tratos e sofrimentos, Jesus distingue-se do messias poderoso e glorioso. Essa previsão do sofrimento decorre do fato de que o poder opressor não admite nada que ameace sua estabilidade e reage com violência, empenhando-se na destruição daqueles que, colocando-se a serviço da vida, dedicam-se à libertação dos pobres e oprimidos. Por isso, não nos devemos escandalizar quando tais coisas acontecerem conosco.

O cristão é testemunha de Cristo, é aquele que O torna vivo no mundo de hoje, aquele que julga as coisas mundanas e os acontecimentos da vida, como Cristo os julga. Se o Filho do Homem se insere na linha dos profetas sofredores, o discípulo, por sua vez, põe-se em seguimento a Ele. Não é maior que o seu Mestre e deve ser, portanto, a testemunha de uma glória que passa pelo sofrimento e transpõe a soleira da morte. Como poderia ser de outra forma, desde o momento em que se aceita tomar parte em uma Eucaristia?

Quem comemora a Paixão e a Ressurreição do Senhor? Jesus, convencendo os seus discípulos de que Elias já veio e os grandes não O reconheceram como o Messias esperado para salvar o mundo dos pecados, quer preparar-nos para a Missão. Esta deverá acarretar consigo sofrimentos, perseguições e até o próprio martírio. É urgente que, corajosos e firmes na fé, O tornemos conhecido e O levemos a todos os nossos irmãos e irmãos que ainda não O reconheceram como seu Salvador.

Padre Bantu Mendonça


Pai das Misericórdias

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