02 Dec 2011

Jesus quer nos dar um novo olhar a partir do nosso coração

O local geográfico onde ocorreu a cura dos dois cegos não é citado. Alguns estudiosos das Sagradas Escrituras o situam em Cafarnaum, em vista de estar – em Mateus – logo a seguir à ressurreição da filha de Jairo, e se dividem quanto à “casa” a que se refere o narrador, que diz apenas “entrando em casa”. Todavia, supõe-se que seja na casa de Pedro ou então na casa de Mateus.

Essas deduções são feitas porque em Mateus 8,14 é dito “Foi à casa de Pedro”, e em Mateus 13,1 “Saiu de casa” ou “voltou a casa” (Mat 13,36 e 17,25). Logo, é a “sua casa”.

Não cremos que Jesus tenha abandonado a casa de Pedro, nem para trocá-la por uma mais rica (a de Mateus), nem por uma casa própria na qual teria o problema de quem lhe cuidasse das coisas, o que não faltava, com todo o amor, na casa de Pedro com a esposa deste e a de André, suas filhas e a própria sogra de Pedro, que fora curada por Jesus.

Pela cronologia geralmente aceita, a cura foi efetuada na Transjordânia, em sua estada depois da Festa da Dedicação.

Jesus passou os três anos de vida pública pregando o Reino do Pai e operando milagres em benefício daquele povo que sofria muito por pertencer a uma classe desprivilegiada, muito pobre e excluída, por isso, do convívio e costumes dos escribas e fariseus, descendentes do povo que Moisés (enviado por Deus), tirou da escravidão que viviam no Egito por 400 anos, para levá-los à Terra Prometida e que acabaram, depois de tantas alianças propostas por Deus, vivendo como pagãos.

Por isso Jesus veio, como extremo recurso, para salvar aquele povo de “cabeça dura” e, nessas andanças do Senhor, Ele não foi aceito no meio daquela gente que até hoje espera pelo Messias, pelo Salvador que já veio. Eles achavam que o Salvador deveria ser um grande, forte e poderoso homem, que chegaria montado num belo cavalo e que seria para eles o Salvador que Javé havia prometido aos seus antepassados, os quais viviam dentro de esquemas cheios de leis, mais de 5.000 leis impostas aos pobres, que não faziam parte do convívio com os ricos, senhores e doutos que os exploravam, massacravam, desprezavam e nem eram dignos de terem algum contato com eles.

Um dia, Jesus passava pelas ruas e em determinado local passa por dois cegos, à beira do caminho, que gritam chamando-Lhe a atenção. Os cegos acompanham Jesus “que vai saindo de lá”, e vão “gritando”, como são sempre apresentados os cegos nos Evangelhos. O título “Filho de Davi” designava o Messias (cf. Salmo 17,23) e já fora empregado pela Cananeia. Não é plausível que eles soubessem que se tratava do Messias. Mais viável que, desejando um favor, atribuíssem interessadamente um título que honrava a pessoa. É mais da psicologia humana, não só daquele tempo, como de hoje: elogiar aquele de quem esperamos um favor.

Jesus primeiro pergunta se eles acreditam que Ele tenha a força de fazer isso. A resposta é singela: “Sim, Senhor”, “meu Senhor”. Em resposta, Cristo lhes diz: “faça-se a vós segundo a vossa crença”, e lhes toca os olhos, recuperando eles imediatamente a visão. Depois adverte-os de que não contassem a ninguém o ocorrido. Mas bastava olharem para eles, para verificar que haviam recuperado a visão, e eles tornam Jesus conhecido em toda a região.

Aqueles dois homens saíram gritando e glorificando a Deus pela graça recebida, por toda aquela região. Daí, Jesus, com as Suas pregações e o Seu amor, começa a mudar a vida de muita gente que passa a segui-Lo como discípulos; passando da apatia, que os dominava, para a certeza em suas esperanças revividas por aquele Homem que lhes falava ao coração e lhes trazia a alegria do Senhor.

Abriu-lhes os olhos para a realidade das promessas feitas por Deus aos seus antepassados; que começava a ser cumprida ali, em cada encontro. Abriu os olhos a todos que a Ele se achegaram: os olhos do coração, os olhos da decência, os olhos da bondade, os olhos da partilha, os olhos do perdão, da mesma forma que fez aos olhos dos cegos.

O povo que O ouvia foi crescendo, crescendo, que mesmo Ele sendo crucificado todos assumiram o seu lugar na Sua vida. E, passado todo aquele tempo da missão de Jesus, todos enxergaram limpidamente, com exceção dos que foram responsáveis por Sua morte e que até hoje esperam o Messias, que já veio, chama-se Nosso Senhor Jesus Cristo e vive no meio de nós, pelo Seu Espírito Santo que Ele nos deixou como advogado e defensor.

Por isso, todos os dias e a cada Natal, nós cristãos fazemos memória e trazemos Jesus à terra, para Lhe demonstrarmos que O amamos, na comemoração do Seu nascimento, apesar de sermos fracos, pequenos, mas lutadores e perseverantes para chegarmos até o fim, para recebermos, através da Sua extrema Misericórdia, o lugar no céu, que Ele prometeu a todos que vivessem os Seus ensinamentos.

Pai, cura-me da cegueira que me impede de reconhecer a presença de Tua salvação na minha vida, realizada pela ação misericordiosa de Teu Filho Jesus.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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