25 Jul 2011

O serviço ao próximo, receita de felicidade

“O Filho do homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por uma multidão”, afirma Cristo, para encerrar um triste incidente que se deu entre os apóstolos. Vale a pena recordá-lo:

A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Quer ver a fé desta mulher? Considera o momento em que faz o seu pedido. Quando apresenta sua súplica quais são as circunstâncias de sua petição? A cruz estava preparada, a Paixão se aproximava, a milícia dos judeus já organizara suas fileiras. O Senhor fala de Sua Morte, os discípulos se agitam à vista da Paixão, tremem ao seu anúncio, perturbam-se com o que ouvem, sua coragem vacila. É, então, que aquela mãe aparece e penetra no meio dos apóstolos. Tenta captar o favor real, implorando um trono para seus filhos.

Fazendo uma leitura positiva deste episódio, poderíamos dizer que – com os olhos da fé – a mulher vê o futuro e antecipa as palavras do ladrão. Na cruz, este dizia: “Lembra-te de mim, quando entrares em teu Reino” (Lc 23, 42). Ela, antes da Cruz, suplica em vista do Reino. Aquela mulher via a Paixão, mas, em espírito, percebia a Ressurreição. Via erguer-se a Cruz, mas também abrir-se o céu. Via os cravos e já contemplava o Trono de Glória.

A mãe adotou um ar solene, um olhar suplicante e prostrou-se diante de Jesus, para fazer a Ele um pedido. E o que pediu? O melhor para os filhos, como é próprio de uma mãe: “Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. Nada menos! Pedia os dois primeiros lugares naquele Reino que, tanto ela como os filhos, ainda imaginavam como um reino terreno.

Jesus olhou-a, imagino que carinhosamente divertido. Sorrindo, dirigiu-se aos dois que tinham vindo com a mãe, e disse-lhes: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?” Cristo ia ser Rei, mas o Seu Reino seria conquistado pela Cruz, por meio de Sua entrega redentora. Eles não sabiam ainda o que isso significava, saberiam mais tarde; mas, mesmo assim, com simplicidade inconsciente, respondem sem hesitar: “Podemos!” Como que a dizer: “Estamos dispostos a tudo, contanto que nos tenhas, no Reino, como homens de confiança, bem perto de ti”.

Foi aí que irrompeu o conflito. Os outros dez apóstolos, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. Pronto, já estava armada a confusão. O Evangelho não a descreve com detalhes, mas todos sabem as caras que fazemos, as palavras que pronunciamos e o tom com que falamos quando estamos morrendo de raiva. No caso, morrendo de inveja: “Quem pensam que são esses dois, que querem passar à frente de todos nós, e ainda por cima com intercessão materna?”

Jesus, calmo e entristecido pelo espetáculo, chamou-os e disse-lhes: “Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós faça-se vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro faça-se vosso escravo. Assim como o Filho do homem – o próprio Jesus – veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por uma multidão”.

A ambição dos dois irmãos, e a explosão irritada dos outros dez, deram ensejo ao Senhor para expor uma das lições mais belas do Evangelho: o espírito de serviço.Não nos podemos comparar para ver se um é mais do que o outro; não nos devemos deixar arrastar pela inveja e pela competitividade vaidosa. Pelo contrário, a nossa ambição deve ser dar-se totalmente e servir, por amor, como Jesus o fez. Aí encontraremos a felicidade. Porque é recebendo que se recebe, é amando que se é amado, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se ressuscita para a vida eterna.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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