10 Mar 2013

Todos nós necessitamos de conversão

Neste 4º Domingo da Quaresma, estamos diante da parábola do filho pródigo que faz parte do conjunto das parábolas sobre a misericórdia que aludem a Jeremias, quando ele descreve a restauração do povo e o anúncio da nova Aliança (Jr 31,1-34). Jesus apresenta aqui o conteúdo da Nova Aliança, através das parábolas do pai que acolhe o filho perdido.

Temos diante dos olhos, o amor misericordioso de Deus, mais forte que o pecado do homem, representado pelo filho mais novo que sai de casa. Embora a motivação de seu retorno (significando a conversão) não seja o amor do pai, mas a necessidade de sobreviver, o fato de ter reconhecido seu pecado foi suficiente para ser visto, mesmo ao longe, pelo próprio pai com compaixão.

Desta maneira, o gesto de retornar foi suficiente para demonstrar a iniciativa da gratuidade do amor do pai que se adiantou no encontro, correndo, lançando-se ao pescoço do filho e cobrindo-o de beijos. Entretanto, no exato momento em que o amor paterno atingiu o seu clímax pelo ritual da festa, entra em cena o filho mais velho, representando os fariseus e os escribas que murmuravam contra o hábito de Jesus receber e comer com os pecadores.

O filho mais velho representa a Antiga Aliança, baseada na Lei, enquanto o filho mais novo representa a Nova Aliança, fundada na gratuidade da graça, anunciada por Jeremias e realizada pelas atitudes de Jesus a mostrar o verdadeiro rosto misericordioso de Deus. O filho mais velho representa o orgulhoso fariseu no Templo, desprezando o outro, considerado pecador, enquanto o filho mais novo se assemelha ao publicano arrependido, mas justificado pela graça.

A parábola do filho perdido que foi achado, ao invés de “parábola do filho pródigo”, bem poderia ser conhecida por “parábola do pai misericordioso” cujo amor expressa a nova Aliança de Deus, em Cristo, a motivar a conversão dos pecadores com os quais deseja cear, partilhando Sua amizade.

A parábola expõe a necessidade de conversão para todos, tanto àqueles que se enquadram melhor na figura do filho mais velho, quanto àqueles que se veem espelhados no filho mais novo, pois na realidade todos somos pecadores. O pai é o mesmo e age de forma idêntica, lida ao encontro dos dois filhos. A diferença está tão somente na atitude dos irmãos. Um se reconhece pecador e muda de vida, o outro se julga justo e não se deixa transformar; pelo contrário, fecha-se à imensa misericórdia do pai, escandalizando-se sem motivo e bloqueando-se na sua revolta.

A parábola pode servir para tornar mais frutuosa a celebração do Sacramento da Penitência, se nos detivermos nos aspectos do filho mais novo. E também servir para desmistificar o falso justo, se nos detivermos nos aspectos do filho mais velho. São aqueles que recusam confessar os seus pecados, simplesmente porque são incapazes de reconhecê-los, pois sempre se examinam segundo a Lei e não diante do amor maior e mais exigente da justificação pela graça.

Por isso, às vezes observantes de um código rígido de moral, não compreendem as falhas mais graves dos outros, sendo, inclusive, incapazes de se alegrar pela conversão dos pecadores. Falta-lhes a grandeza de compreenderem a alegria de Deus e do coração de Jesus pela ressurreição dos mortos e reencontro dos perdidos. Falta-lhes também o reconhecimento do amor gratuito de Deus, como experiência mais totalizante do ser, que a simples observância da Lei é incapaz de traduzir.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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