16 Sep 2010

Sejamos misericordiosos e acolhedores

Jesus aceita, com alegria, tomar refeição na casa de Simão, o fariseu. Aliás, Cristo nunca recusou uma estada na casa de uma pessoa – seja quem fosse ela: pecadora, publicana, alguma autoridade religiosa… – pois aproveitava da ocasião para tocar os corações. O Senhor, inclusive, foi acusado de comilão e beberrão, pois vivia na casa dos outros fazendo refeição com eles. Na verdade, Ele fazia destes momentos um pretexto para viver a comunhão e tocar os corações.

Jesus, do mesmo modo, faz a refeição na casa de Simão, o fariseu, pois bem sabe aonde quer chegar: ao coração daquela mulher que irá até ele; ao coração mais duro que ali se encontra: o coração de Simão.

Como julgamos pelas aparências, a exemplo de Simão: “Se este homem fosse mesmo um profeta, saberia que tipo de mulher se aproxima dele”! Meu Deus, desculpe-me ser  tão sincero, mas Simão, hoje, tem um outro nome, ou seja, qual o seu nome? Simão hoje sou eu, é você. Nós não conseguimos enxergar a realidade tal como ela é porque vemos mal, vemos a partir dos nossos princípios, a partir das nossas concepções; não vemos com o olhar de Jesus, com o olhar do coração, coração este que deveria enxergar bem, pois vê bem quem vê com os olhos do coração.

O grande termômetro para analisarmos se o nosso olhar é simplesmente nosso, ou seja, carnal, preconceituoso, superficial, é se não houver misericórdia. O olhar de Jesus Cristo é misericordioso. Quando olhamos os fatos, sabendo que o irmão errou e eu busco me compadecer dele e procuro ajudá-lo a sair dessa, então, sim, estou tendo um olhar correto.

Os sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Eucaristia e Crisma – enquanto realidades que estão intrinsecamente ligados entre si, fundamentam-se – biblicamente – nesta passagem do Evangelho de hoje. Na época de Jesus, dentro da cultura oriental, quando uma pessoa chegava à casa de alguém, ela era recebida com um beijo: o ósculo santo: o beijo da paz e da amizade. O convidado era introduzido ao ambiente familiar, pelo dono da casa, onde era convidado a tomar um banho, para se limpar do pó do caminho, do suor de ter caminhado horas e até mesmo, dias – prefiguração do sacramento do Batismo.

Depois de ter tomado um bom banho, o dono da casa, para expressar – de forma material – a tamanha alegria pelo fato de aquela pessoa estar em meio a eles, oferece um pouco de óleo perfumado, para passar no corpo – prefiguração do sacramento do Crisma.

Realizado o acolhimento inicial com o beijo da paz e da amizade, banho oferecido e estando perfumado, esta pessoa é conduzida à mesa para tomar a refeição com a família – prefiguração do sacramento da Eucaristia.

Simão, que hoje é cada um de nós, não realiza nada disso para com Jesus, pois ele se acha muito bom e santo… mas seu nome diz tudo: fariseu – hipócrita! Em compensação, aquela pecadora, aquela “sem eira e nem beira” – segundo nossos prejulgamentos – faz aquilo que era o mais certo: assumindo a miséria e a condição de miserável – porque todos o somos – resolve acolher Jesus, fazendo o que o “santo”, o “justo” Simão não teve a coragem de fazer: beijou Jesus, lavou-O com suas lágrimas de arrependimento e derramou o pecado na presença do Senhor, quebrando o vaso de perfume.

Que tenhamos a coragem, como esta mulher, de beijarmos os pés de Cristo, de chorarmos os nossos pecados na Sua presença e de derramarmos nossas iniquidades aos Seus pés. Se assim o fizermos, não teremos tempo de julgar, de condenar e de matar os outros com a nossa língua, muitas vezes, venenosa. Passaremos a agir com misericórdia, pois só passa a ser misericordioso quem uma vez saboreou e foi tocado por essa virtude. No entanto, só toca na misericórdia quem assume as suas misérias.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

Pai das Misericórdias

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