03 Aug 2011

Peçamos a Deus uma fé insistente e ousada

Depois de Jesus ter andado a espalhar pela Galileia junto dos Seus a chegada do Reino dos Céus, Ele decide-se a ir para terra estrangeira, para a região de Tiro e Sidônia, que fica ao norte da Galileia, atual Líbano, uma terra estrangeira, onde a maior parte das pessoas eram não judias, ao contrário da Galileia, onde quase todos eram judeus. Uma delas era esta mulher que foi ter com Jesus. Esta mulher, sem nome, o evangelista Marcos chama-a de siro-fenícia, Mateus diz que ela é cananeia. Os dois títulos têm o mesmo significado, ou seja, trata-se de uma mulher estrangeira.

Ela tinha uma filha endemoniada. A mãe não sabia mais o que fazer para livrar a pobre garota daquele sofrimento. O demônio não deixava a menina em paz em nenhum momento. A mãe da menina aproveitou que Jesus estava por ali, chegou e gritou: “Jesus tenha pena de mim! Minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!” Ela conhecia o Senhor de nome e sabia que Ele era muito bom e tinha poder para mandar embora os demônios.

A princípio, Jesus Nazareno não falou nada nem fez nada. Também não parou de andar para dar atenção à mulher. Mas ela foi atrás d’Ele gritando: “Jesus, tenha pena de mim!” Os amigos de Jesus entenderam o sofrimento daquela mãe e pediram que o Senhor a mandasse embora. Jesus não mandou a mulher embora, mas fingiu que não iria atender o seu pedido. Para provar a fé daquela mulher, Ele disse que curava gente de Seu país, e não gente de outro país.

A mulher – movida por uma fé que ultrapassa a dos discípulos – grita a Jesus: “Tem compaixão de mim, Senhor, filho de Davi! Minha filha tem uma doença maligna”. Jesus não responde. Os discípulos, incomodados, dizem-lhe: “Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós”.

A mulher, porém, jogou-se aos pés de Jesus Cristo, clamando-Lhe: “Senhor, ajuda-me!” Jesus insiste em não querer envolver-se no caso de uma estrangeira: “Não está certo tirar o pão dos filhos, para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela, porém, apesar de reconhecer que não tem esse direito insiste na sua humilde “súplica”: “É verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Então, o Senhor lhe respondeu: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres”. E, a partir daquela hora, a filha da cananeia ficou curada.

A mulher cananeia é um modelo de súplica humilde, como o centurião de Cafarnaum (Mt 8,5-13), e perseverante, como o cego Bartimeu (Mc 10,46-52). O centro do episódio é Jesus. Ele aparece livre, sereno, firme. No mesmo capítulo 15 de Mateus, Cristo se distancia das tradições dos escribas e fariseus. No episódio da cananeia, Ele é pressionado pelos próprios discípulos para que despeça a mulher inoportuna. Mas Jesus se deixa vencer pela súplica de uma mãe angustiada. Não são os gritos da cananeia que o comovem, mas a perseverança da sua fé. Por ser pagã, ela não teria direito, mas a sua filha foi curada por pura graça. Jesus realiza um gesto soberano e profético, que anuncia o acesso dos pagãos (chamados de “cães” pelos judeus) à salvação.

A insistência e ousadia da mulher cananeia fez com que Jesus atendesse seu pedido e com isso provou para todos que, em Deus, não há diferença entre cultura, cor, raça, credo ou região. Uma grande lição para levarmos para nossas vidas é que precisamos ter uma fé teimosa, insistente, chata, daquelas que chega a incomodar, que não desanima nunca, que não se frustra. Pois assim, quando Deus provar a nossa fé, conseguiremos manter-nos firmes e fiéis.

A perseverança da fé dessa mulher deve nortear também a sua. Insista que Jesus vai atendê-lo. A promessa é mesmo d’Ele: “Batei, e a porta se vos abrirá, buscai e achareis”.

Exercite sua fé na oração, na reflexão da Palavra e no testemunho de sua vida.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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