02 Feb 2010

Apresentação do Senhor

Apresentação do Senhor*

A presente festa, ainda imbuída do espírito de Natal, encena a apresentação de Jesus ao Senhor Deus (Evangelho), conforme prescrevia a lei judaica para os primogênitos masculinos (cf. Ex 13,11-16). ( Nos tempos pré-históricos, a consagração do primogênito pode até ter sido um sacrifício humano; o episódio do sacrifício de Issac mostra que a religião abraâmica teve de abolir o sacrifício dos primogênitos). Na lei de Moisés o primogênito masculino “pertence ao Senhor”, mas pode ser resgatado mediante um sacrifício, originariamente um cordeiro ou, no tempo de Jesus, um pagamento de cinco moedas de prata.

A apresentação da criança ao santuário era facultativa; quem o faz dá prova de ser judeu “piedoso”. A apresentação, no caso de Jesus, se realizou no quadragésimo dia, coincidindo com a apresentação da mãe, igualmente uma instituição antiquíssima (cf. Lv 12,1-8). O sacrifício da purificação era um cordeiro de um ano, e uma rola ou pombinho em sacrifício “pelo pecado” – mancha, impureza ritual do sangue. No caso de pessoas podia ser substituído por um par de rolas ou pombinhos. É o que Maria ofereceu.

Na ocasião desta apresentação e purificação, um piedoso ancião profetiza o papel messiânico de Jesus, atribuindo-Lhe os títulos “luz das nações” e “glória de Israel”: Ele é o salvador dos pagãos e do povo de Israel, concebido conforme a ideia de que Israel seria o centro a partir do qual brilhasse a glória para iluminar as nações.

O templo, habitação do Senhor, ocupa, nesta apresentação, um lugar central. Por isso, a primeira leitura é o texto de Ml 3, que descreve a visão escatológica da visita de Deus a Seu templo. No deserto, o Senhor descia à Tenda da Aliança, na nuvem. No tempo messiânico – assim espera o profeta – sua presença já não estará envolta em nuvem: seria a glória manifesta, iluminando o mundo a partir do templo. Para Lucas, a existência de Jesus é a realização desta visita.

Além desse augúrio messiânico, o mesmo Simeão anuncia também que a existência de Jesus será um sinal de contradição e uma espada há de atravessar o coração de Sua mãe. Em redor d’Ele se manifestarão os pensamentos profundos dos corações humanos; por causa d’Ele os homens hão de se dividir em pró e contra.

A segunda leitura insiste no fato de que Jesus assumiu plenamente nossa humanidade. Por Seu esvaziamento na encarnação e no sofrimento, o Filho de Deus cumpriu a vontade do Pai, que assim quis conduzir muitos filhos à glória. Assumindo nossa existência e morte, Jesus tornou-se o sumo sacerdote fiel e misericordioso, aquele que santifica nossa existência e reconcilia nossos pecados. Já éramos filhos de Deus, mas agora o somos de modo renovado, puro, porque o Filho, que é o santo, nos fez entrar na comunhão com o Pai.

Peçamos a graça, nesta festa, de nos deixarmos levar pela Mãe de Deus – que também é nossa mãe – até o Coração de seu Filho Jesus. Ao apresentar Jesus no templo, Maria nos apresenta com tudo o que temos e somos.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

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*Cf. KONINGS J., Liturgia Dominical, p.481-482. Ed. Vozes, Petrópolis 2004.

Pai das Misericórdias

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