18 Mar 2011

A reverência a Deus passa pelo respeito ao próximo

Segundo o evangelista Mateus, é importante que o homem tenha a consciência de que “a ira do homem não realiza a justiça de Deus” (Tg 1, 20) e de que pela prática da justiça, oriunda de Deus, a sua vida é restaurada sobre a terra. E isso é tão fundamental que se torna imprescindível na vida existencial do homem e extensivo a todas outras práticas no seu dia a dia para tornar possível a convivência dos homens entre si e entre o meio ambiente.

“Ouvistes o que foi dito”, “Eu, porém, vos digo”, Jesus não pretende reformar o complexo doutrinal do Judaísmo. O Senhor veio nos ensinar a viver em plenitude a Lei de Deus e nos adverte de que a nossa justiça deve ser maior do que a dos mestres da Lei e dos fariseus. Eles viviam na rigidez da Lei e se esqueciam de que o maior mandamento da Lei era justamente o amor e que, mais importante que a Lei em si, é o bom relacionamento entre as pessoas. Muitas vezes, nós também, como os escribas e os fariseus, nos apegamos ao que a Lei nos exorta a não fazer e ficamos alerta para não cometer aquelas faltas que se constituem as mais graves, como matar, roubar, adulterar, ter maus pensamentos, entre outros. “Todo aquele que se encoleriza com o seu irmão será réu de juízo”.

O desejo primeiro de Deus, ao criar os seres humanos, é que vivam na mais perfeita comunhão, deixando de lado tudo quanto possa dividi-los e separá-los pelo muro da inimizade. O ódio e a divisão constituem flagrante desrespeito à vontade divina.

O homicídio é uma forma incontestável de ruptura com o próximo, culminando na sua eliminação. Para evitar isso, Deus condenou peremptoriamente esse crime, com o mandamento: “Não matarás”. A eliminação física do próximo é antecedida por outros gestos de eliminação de igual gravidade. Por exemplo, a simples irritação contra os outros, as palavras ofensivas contra eles são formas sutis de atentar contra a vida alheia. O discípulo do Reino de Deus não pode agir dessa maneira.

A Palavra de Deus, que Jesus veio esclarecer para nós, vai muito mais além do que as coisas que nós praticamos, mas atinge também ao que nós pensamos e falamos ou expressamos a partir do nosso coração. Assim sendo, nós não podemos chamar os nossos irmãos e irmãs nem mesmo de “tolos” ou “idiotas”. Quanto ensinamento para nós! A oferta que fazemos ao Senhor será desnecessária se primeiro não oferecermos a nossa compreensão e perdão às pessoas com as quais nos relacionamos. Enquanto caminhamos, aproveitemos o conselho do Mestre para que a nossa justiça seja maior do que a justiça dos “mestres da Lei” e dos “fariseus” de hoje.

Como é a nossa justiça? O que é justo para Deus? A justiça de Deus é o amor, é o perdão, é a reconciliação. E a nossa? Fazemos as nossas ofertas no altar do Senhor, mas como está o nosso coração? Reflita agora: – Como você trata as pessoas com quem você convive? – Você tem costume de falar mal dos seus amigos e suas amigas? – Você o faz de coração? – E quando você faz a sua oferta na hora do ofertório, qual é a sua atitude diante de Jesus?- Você já pensou que – enquanto você faz a oferta do seu coração na hora da Missa, – este [coração] pode estar sujo com a injustiça da falta de perdão, da ofensa feita, do ódio por alguém?

A reverência a Deus passa pelo respeito ao próximo. Na liturgia de hoje, Jesus exige de mim e de você, como de Seus discípulos, a reconciliação com nosso próximo antes de fazermos nossa oferenda ao Senhor. Se alguém está para fazer sua oferta, e se recorda de algum desentendimento com o próximo, deve deixá-la ao pé do altar, para antes ir reconciliar-se com ele. Caso contrário, a oferta não terá valor perante Deus.

Cristo nos revela que qualquer doutrina ou lei só tem valor à medida que contribua para a libertação e a promoção da vida. Jesus não propõe uma doutrina, mas ensina a prática restauradora da vida. A grande novidade que o Senhor nos ensina hoje é o perdão sem limites e a reconciliação, que nos levam à comunhão de vida com Deus e com nossos irmãos.

Por isso, quero, neste dia, ó Senhor Jesus, que me ensineis a perdoar os meus irmãos e irmãs para poder estar em comunhão com meu Deus e com meus irmãos já aqui na terra.

Padre Bantu Mendonça

Fonte: Blog do Padre Bantu

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