04 Aug 2011

Quem é Jesus para você?

Estamos em Cesareia de Filipe e Jesus quer medir o “termômetro” sobre si e então pergunta aos Seus discípulos: “E para vós quem é o Filho do Homem?” Um profundo silêncio se espalha entre eles e num tom celestial Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

Jesus ganha um adjetivo. Ele é o Cristo, o Ungido. O termo deriva do fato de, no Antigo Testamento, os reis, profetas e sacerdotes, no momento de sua eleição, serem consagrados mediante uma unção com óleo perfumado. Mas cada vez mais claramente na Bíblia se fala de um Ungido ou Consagrado especial que virá nos últimos tempos para realizar as promessas da salvação de Deus a Seu povo. É o chamado messianismo bíblico, que assume diversos matizes segundo o Messias é visto, como um futuro rei ou como o Filho do Homem de Daniel.

Toda a tradição primitiva da Igreja é unânime ao proclamar que Jesus de Nazaré é o Messias esperado. Ele mesmo, segundo Marcos, se proclamará como tal diante do Sinédrio. À pergunta do sumo sacerdote: “És tu o Cristo, o Filho do Bendito?”, Ele responde: “Sim, eu o sou”.

Jesus aceita ser identificado como o Messias esperado, mas não com a ideia que o Judaísmo havia construído sobre o Messias. Na opinião dominante, este era visto como um líder político e militar que livraria Israel do domínio pagão e instauraria, por meio do uso da força, o Reino de Deus na terra.

Cristo tem que corrigir profundamente esta ideia, compartilhada por Seus apóstolos, antes de permitir que se falasse d’Ele como Messias. A isso se orienta o discurso que segue imediatamente: “E começou a ensiná-los que o Filho do homem devia sofrer muito”… A dura palavra dirigida a Pedro, que busca dissuadi-lo de tais pensamentos: “Afasta-te de mim, Satanás!” é idêntica à dirigida ao tentador do deserto. Em ambos os casos, trata-se, de fato, do mesmo objetivo de desviar-Lhe do caminho indicado a Ele pelo Pai, o do Servo sofredor de Javé, por outro que é segundo os homens, não segundo Deus.

A salvação virá do sacrifício de dar a vida em resgate de muitos, não da eliminação do inimigo. De tal maneira, de uma salvação temporal se passa a uma salvação eterna, de uma salvação particular – destinada a um só povo – se passa a uma salvação universal.

Lamentavelmente, temos de constatar que o erro de Pedro se repetiu na história. Também determinados homens e mulheres de Igreja se comportaram em certas épocas como se o Reino de Deus fosse deste mundo e como se fosse necessário afirmar-se com a vitória sobre os inimigos, em vez de fazê-lo com o sofrimento e o martírio.

Todas as palavras do Evangelho são atuais, mas o diálogo de Cesareia de Filipe o é de uma forma toda especial. A situação não mudou. Também hoje, sobre Jesus, existem as mais diversas opiniões das pessoas: um profeta, um grande mestre, uma grande personalidade. Converteu-se em uma moda apresentar Jesus nos espetáculos e nas novelas, nos costumes e com as mensagens mais estranhas.

No Evangelho, Jesus Cristo não parece se surpreender com as opiniões das pessoas, nem se preocupa em desmenti-las. Só propõe uma pergunta aos discípulos, e assim o faz também hoje: “Para vós, para você, quem sou eu?” Existe um salto por dar, que não vem da carne nem do sangue, mas que é dom de Deus, o qual é preciso acolher diante da docilidade a uma luz interior da qual nasce a fé. Cada dia, há homens e mulheres que dão este salto. Às vezes, trata-se de pessoas famosas – atores, atrizes, homens de cultura – e então são notícia. Mas infinitamente mais numerosos são os crentes desconhecidos. Em certas ocasiões, os não crentes interpretam estas conversões como fraqueza, crises sentimentais ou busca de popularidade, e pode dar-se que em algum caso seja assim. Mas seria uma falta de respeito à consciência dos outros arrojar descrédito sobre cada história de conversão.

Uma coisa é certa: os que deram este salto não voltarão atrás por nada deste mundo e, mais ainda, se surpreendem de ter podido viver tanto tempo sem a luz e a força que vêm da fé em Cristo. Como São Hilário de Poitiers, que se converteu sendo adulto, estão dispostos a exclamar: Antes de conhecer-te, eu não existia!

Tenho de proclamar o Seu nome. Jesus é “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Foi Ele quem nos revelou o Deus invisível, é Ele o Primogênito de toda a criação, é n’Ele que todas as coisas têm sua subsistência. Ele é o Senhor da humanidade e o seu Redentor, que nasceu, morreu e ressuscitou por nós.

Ele é o centro da história do mundo. Conhece-nos e ama-nos. É o companheiro e o amigo da nossa vida, o homem das dores (cf. Is 53,3) e da esperança. É Aquele que há de vir, que será finalmente o nosso juiz e também – assim confiamos – a nossa vida plena e a nossa bem-aventurança.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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