12 Jul 2011

O preço da nossa indiferença

Betsaida era uma das cidades que entristeceram Jesus, porque, apesar de ter sido a terra natal de Pedro, André e Felipe, de ter sido o lugar onde Jesus fez a maior parte dos milagres, Corazim e Betsaida eram cidades totalmente corrompidas, incrédulas e interesseiras. Mas que lições podemos tirar de toda essa situação em Betsaida?

Primeiro: se não vigiarmos, a nossa convivência com um ambiente corrompido também nos corromperá. Quantos homens bons e honestos se corrompem ao entrar na política? Quantos jovens crentes não mudam suas atitudes cristãs ao entrarem na universidade? Quantos homens e mulheres cristãos não mudam suas aparências e seus atos ao entrarem em certos empregos ou quando aumentam seu poder aquisitivo? Quantos servos de Deus – comprometidos com o Evangelho – têm esfriado, ou têm deixado Jesus porque assimilaram a corrupção do mundo, o pecado do mundo?

A segunda lição que aprendemos com Betsaida é que a nossa indiferença poderá nos excluir do Reino de Deus.

“Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidônia fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidônia, no dia do juízo, do que para vós”. Tiro e Sidônia eram cidades pagãs da Fenícia – atual Líbano – cidades que não viram os milagres e tudo o que Jesus fez. Portanto, presumi-se que, por ignorância, agiam e praticavam a maldade. Quem o diz é o próprio Jesus: “Porque, se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos na cidade de Sodoma, ela existiria até hoje. Pois eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Sodoma do que de você, Cafarnaum”.

Mas não. Betsaida era indiferente ao poder de Deus. Era uma cidade mergulhada no mundanismo. A “Betsaida” de hoje somos nós. Sou eu, é você, quando somos indiferentes. Deus está falando conosco e nós – enquanto o Senhor fala – ficamos conversando com outros ou com o pensamento bem longe! E isso dentro da própria Igreja ou durante a celebração litúrgica.

Somos indiferentes quando sabemos da necessidade do irmão e não damos a mínima atenção. Somos indiferentes quando não andamos no caminho estreito, preferindo agir conforme a nossa vontade. Somos indiferentes quando achamos que Jesus vai tardar em voltar e que teremos muito tempo para desfrutar os prazeres da vida. Somos indiferentes quando conhecemos a Palavra de Deus, sabemos o que é do Seu agrado e o que não é, conhecemos as profecias e relegamos tudo isso para o terceiro plano.

A nossa indiferença com Jesus poderá nos custar o preço de Corazim e Cafarnaum ou o preço das virgens néscias. O preço de ser deixados para trás. Quantos não vêm para Jesus por causa de problemas com os filhos ou com os pais? Muitas vezes é a perda trágica de um parente que nos faz “sair da aldeia” e buscar o Senhor. Vivemos no nosso mundo egoísta, na nossa “aldeia”, no nosso conformismo, na nossa preguiça espiritual e, muitas vezes, não O deixamos entrar nela. Colocamos muitas vezes nossos negócios, nossos alvos na frente de Jesus e não o Reino de Deus em primeiro lugar. Muitas vezes estamos – ou pensamos que estamos – presos a religiões, culturas, ideias, traumas antigos, conceitos e preconceitos. E então, Jesus dirigindo-se a nós diz: “Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida!”

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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