18 Mar 2010

Em meio à incredulidade*

No Evangelho de hoje tem relevo o processo judicial que ao longo de todo o Evangelho de João tem lugar entre a luz e as trevas, entre Cristo e os Seus inimigos. Depois de curar, no sábado, o inválido da piscina de Betesda, Cristo prossegue a Sua defesa com base em testemunhas, para acabar por se constituir em juiz dos Seus opositores. O testemunho a favor de Cristo, da Sua pessoa e da Sua missão, é múltiplo e contundente. Em primeiro lugar, João Batista; depois a própria eloquência das obras do Pai, que testemunham também a favor do Seu Enviado, e, finalmente, o aval de toda a Sagrada Escritura que precedeu a vinda de Cristo.

Apesar de toda esta evidência, os judeus não acreditam em Cristo. Por quê? Embora fé seja dom de Deus, requer-se a colaboração do homem, a disposição humilde de abertura a Deus. Jesus assinala estas duas razões que propiciavam a incredulidade dos chefes judeus: primeira, a verdade e o amor de Deus que estão neles; a segunda, são orgulhosos os que procuram a sua própria glória e não a do Senhor. Preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más.

Só com a fé se pode ver em Jesus de Nazaré o Rosto de Deus, o retrato vivo do amor que dá vida ao homem, como o demonstrou Cristo perdoando aos pecadores e curando os enfermos. Essas são a sobras de Jesus, que são também as do Pai; mas foram rejeitadas pela incredulidade dos judeus.

Aos que procuram o seu interesse e a sua glória custa-lhes aceitar um Deus amigo dos pecadores e dos pobres, dos marginalizados e ignorantes. Essa foi a imagem do Pai, refletida em Cristo, demonstrando com a Sua solidariedade a atenção ao homem que este é a glória de Deus. Sobretudo, custa a aceitar um Deus crucificado, porque a Cruz de Cristo derruba o pedestal do bezerro de ouro, isto é, os falsos deuses  criados pelo homem: poder e soberba, riqueza e bem-estar exacerbado, sexo desregrado e consumismo.

Jesus teve que suportar a incredulidade dos Seus contemporâneos. Igualmente o discípulo de Cristo de hoje terá que viver em meio ao fenômeno atual da incredulidade, que passou de uma minoria para uma maioria. Isso nos obriga a reafirmar a nossa opção pessoal de fé e a rever a imagem que oferecemos ao mundo de Deus, de Cristo e do Seu Evangelho.

Qual é a reação dos batizados ao desafio da incredulidade atual? A resposta que se pede hoje ao discípulo de Cristo é tomar a situação de incredulidade como um desafio e uma oportunidade que, ao descobrir também as nossas deficiências, propicia uma contínua conversão evangélica, pessoal e comunitária, para viver e testemunhar melhor o nosso seguimento de Cristo. Para isso, antes de tudo, temos de reconstruir a nossa própria identidade cristã e aprofundar a nossa experiência de fé mediante o contato pessoal com Deus. O encontro com Cristo Ressuscitado é anúncio de vida e salvação para o cristão e para todos aqueles com quem este se relaciona.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 145-146. Paulus: 2000.

Pai das Misericórdias

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