19 Feb 2010

Convertamo-nos!

Um dos fatores que compõem o tripé que sustenta o “corpo quaresmal” chama-se jejum; com essa prática encontram-se a oração e a caridade/esmola.

Muitas vezes, nos perguntamos: onde entra o fator de jejuarmos, ou seja, por que há a necessidade de jejuarmos? No Evangelho de hoje, Jesus – aparentemente – parece não dar muita importância para o jejum, quando os discípulos de João Batista o questionam acerca do não jejuar dos Seus seguidores – os discípulos. O Senhor é taxativo: não tem como jejuar estando o noivo presente; quando o noivo se ausentar, daí sim, jejuarão.

Precisamos entender que Deus não precisa da nossa abstinência, do nosso jejuar; o jejum pelo jejum não possui sentido se ele não vier assumido com outras realidades do motivo de nos propormos a jejuar. Quando jejuamos, o fator decisivo é a nossa autodisciplina; precisamos disciplinar nossos sentidos, nosso corpo, contra os apetites da carne, ou seja, das não vontades do espírito. Há uma luta da carne contra o espírito; o jejum fortalece o espírito para que a vontade de Deus aconteça e prevaleça em nós.

Isaías nos diz, na primeira leitura, que o verdadeiro jejum que agrada a Deus é aquele que nos conduz à mudança de vida; jejuar significa romper com todas aquelas realidade de morte e de escravidão que estão dentro de nós; jejuar é romper com aquelas realidades que fazem com que nós não sejamos canais da graça de Deus na vida das pessoas. Não adianta jejuar se continuamos querendo levar uma vida dupla, medíocre, hipócrita; o verdadeiro jejum é aquele que nos leva a uma mudança de vida. Este, sim, agrada verdadeiramente o Coração de Deus.

Quando jejuamos não nos propomos a passar por um teste de resistência; não temos que provar nada para ninguém! Jejuo porque preciso de conversão, que passa pelo fortalecimento da minha vontade em querer fazer a vontade de Deus em minha vida. Todavia, todo jejum deveria ser acompanhado de uma obra de misericórdia, ou seja, daquilo que me abstenho, proporciono-o para aquele que não tem nada.

O que significa: “Enquanto o noivo está, não se jejua”? Significa que enquanto Jesus está verdadeiramente sendo assumido em nossa vida, o espírito é quem rege a nossa vida; a vontade em nós é a vontade de Deus. Por sua vez, quando vamos nos afastando do Noivo, ou seja, de Jesus, em nossa vida, precisaremos retornar a partir de uma vivência de jejum, oração e caridade. Este é o sentido da Quaresma: tempo de conversão, de retomada, de proximidade com o Senhor para que Ele possa ressuscitar em nós e nós n’Ele.

Para isso, precisamos fazer uma pergunta muito importante – a partir desta Palavra para nós hoje -: Como se encontra o nosso guarda-roupa, por exemplo? Tertuliano – um Santo Padre da Igreja – afirma que aquilo que está em nosso guarda-roupa por mais de um mês sem que o tenhamos utilizado, está faltando no corpo de um necessitado e seremos responsabilizados por isso! O que podemos e vamos fazer para com aqueles mais necessitados, aqueles que mais necessitam? Este é o jejum que agrada a Deus, segundo Isaías: conversão (quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper com todo tipo de sujeição) e obras de misericórdia (alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar bons conselhos, educar os ignorantes, ter misericórdia dos pecadores, ter paciência com os que estão no erro, etc…).

A partir disso, para que haja uma comunhão por excelência entre mim (Igreja) e o Noivo (Cristo) só há uma alternativa: conversão (jejum) e ação (caridade/esmola). Caso contrário, há o distanciamento do Noivo. Aliás, Deus nunca se afasta de nós, pois se assim o quisesse, deixaríamos de existir imediatamente e Ele não pode negar-se a si mesmo; por isso nunca se afasta de nós. Na verdade, somos nós que nos afastamos do Altíssimo. Mas Deus, na Sua infinita misericórdia, quer se encontrar conosco neste tempo de conversão e retomada. Convertamo-nos!

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

Pai das Misericórdias

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